postado em 04/10/2008 09:17
O problema de alguns bancos brasileiros é de liquidez, e não de solvência, destacou ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. E, para enfrentá-lo, as medidas adotadas pelo Banco Central são os leilões de câmbio e liberação de compulsório. ;Não se trata de um problema de solvência, mas sim de liquidez. Mas é bom lembrar que problemas de liquidez podem se tornar problemas de solvência;, afirmou durante encontro com empresários que representam a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), na capital paulista.
Para o ministro, o comportamento dos mercados nas duas últimas semanas não deve ser analisado como um período normal e enfatizou que os setores que poderiam apresentar algum problema já estão sendo atendidos pelo governo. ;Abrimos as torneiras dos compulsórios;, disse. Reconheceu que o Brasil não está imune à crise, mas vem passando bem por ela porque possui o sistema financeiro sólido, mas bem regulado, tem mais regras e não possui ativos subprime. ;O Brasil tem condições de prosseguir no atual ciclo de crescimento desde que o governo não fique de braços cruzados.;
Mantega negou que o país crescerá menos de 3% no próximo ano, conforme projetam algumas instituições financeiros. ;Chegam a falar em crescimento de apenas 1% ou 2% em 2009. Isso é uma grande besteira;, minimizou o ministro. Apenas com a inércia do crescimento do dos últimos anos já há garantia de uma expansão da atividade entre 2% e 2,5%.
Pacote
A tendência do mercado internacional, em especial dos Estados Unidos, é de melhora após a aprovação do pacote de socorro ao setor financeiro norte-americano. ;O pacote não é bom, é apenas razoável. Mas se está ruim com ele, é pior sem ele;, avaliou. O grande trunfo do Brasil são as reservas de US$ 207 bilhões. ;As reservas nos dão segurança. Imagine enfrentar a crise com apenas US$ 20 bilhões ou US$ 30 bilhões;, comentou. ;Passamos um ano de crise e um mês mais forte (setembro) sem perdermos US$ 1,00 das reservas, que estão intactas. Em 1998 (crise da Rússia), elas evaporaram, não sobrou nada.;
Bem humorado, o ministro aproveitou para ironizar a situação dos países desenvolvidos. Relatou que desde que começou a crise internacional no ano passado tem se divertido nas reuniões do Fundo Monetário Internacional (FMI). ;Chegou lá e digo: os países avançados têm que fazer o dever de casa e seguir os emergentes;, citando medidas como ajustes nas contas públicas, nas contas externas e acumulo de reservas internacionais. ;É a vingança dos colonizados;, brincou.
Entre os emergentes o Brasil é um dos países mais sólidos, mas lembrou, no entanto, que as reservas internacionais da China e da Índia são muito superiores as do Brasil. ;Somos o primo pobre;, comparou. Segundo ele, o reconhecimento da solidez do Brasil não é apenas do próprio governo, mas da imprensa especializada internacional e das agências de rating. Para Mantega, prova da robustez do Brasil é que o crescimento do PIB em quatro trimestres até junho de 2008 estava em 6,1%.