Economia

Bolsas européias têm quedas recorde com temor de recessão global

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postado em 06/10/2008 14:12
As Bolsas européias tiveram um de seus piores dias nesta segunda-feira (6/10). A Bolsa de Paris teve sua maior queda em um único dia; a Bolsa de Londres teve a maior queda em pontos em uma única sessão; e a Bolsa de Frankfurt teve a maior queda desde janeiro deste ano. O temor de que a iniciativa de governos dos países ricos de dar suporte para evitar um agravamento da crise financeira possa ter chegado tarde demais para evitar uma recessão em escala global. A Bolsa de Londres teve queda de 5,77% no índice FTSE 100, que fechou com 4.589,19 pontos (a queda foi de 391,1 pontos); a Bolsa de Paris caiu 9,04% no índice CAC 40, que ficou com 3.711,98 pontos; a Bolsa de Frankfurt perdeu 7,07% no índice DAX, que ficou com 5.387,01 pontos; a Bolsa de Amsterdã teve perda de 9,14% no índice AEX General, que ficou com 312,56 pontos; a Bolsa de Milão perdeu 8,24% no índice MIBTel, que fechou com 17.976 pontos; e a Bolsa de Zurique fechou em baixa de 6,12%, com 6.458,72 pontos no índice Swiss Market. O índice FTSEurofirst 300 - que reúne as ações das principais empresas européias - caiu 7,8%, fechando com 1.004,90 pontos. Foi o pior resultado desde a queda de 6,3%, registrada no dia 11 de setembro de 2001, quando ocorreram os ataques contra as Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York. "Outra segunda-feira, outra crise bancária. Quando o mercado julga que se chegou a um ponto mais baixo, vem um novo choque no sistema", disse o negociador Manoj Ladwa, da ETX Capital. "Segundas-feiras como esta deveriam ser um evento único a cada década, mas agora elas estão mais regulares que os ônibus em Londres", afirmou. Entre as perdas do dia estiveram as dos bancos Barclays, Royal Bank of Scotland e HBOS, com quedas entre 14% e 20%. O ministro britânico das Finanças, Alastair Darling, disse que o governo deve apresentar uma nova lei para o setor bancário amanhã, elevando os poderes das autoridades reguladoras. Com a lei, o Banco da Inglaterra (BC britânico) deverá receber um papel mais elevado para manter a estabilidade do sistema financeiro, disse o ministro. No setor de commodities, caíram as ações das mineradoras Kazakhmys e Eurasian Natural Resources, com perdas de 26,5% e 23,4% respectivamente. As ações da Xstrata, Antofagasta, Rio Tinto e Anglo American caíram entre 15% e 19%. No setor petrolífero as ações do BG Group (-10,9%), BP (-8,1%), Royal Dutch Shell (-7,7%) e da Cairn Energy (-17%) fecharam em baixa. O preço do petróleo caiu abaixo dos US$ 90 hoje. A aprovação do pacote de ajuda financeira, de US$ 700 bilhões, nos EUA na semana passada trouxe pouco alívio para os investidores, que ainda têm dúvidas sobre a eficácia que essa ajuda poderá ter. Na sexta-feira (3), a Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) aprovou o pacote que já havia recebido o "sim" do Senado dois dias antes. O projeto também já foi sancionado pelo presidente George W. Bush. Além dos US$ 700 bilhões para compra de títulos "podres" (aqueles cujo resgate é pouco provável, tendo por isso um risco alto de calote), o pacote inclui US$ 150 bilhões em benefícios fiscais para a classe média, pequenos empresários e famílias atingidas por acidentes naturais. Além disso, o governo alemão aprovou uma ajuda de cerca de US$ 68 bilhões para evitar a quebra do banco de hipotecas Hypo Real Estate Holding. O banco francês BNP Paribas também concordou em comprar uma participação de 75% no banco Fortis, que teve suas operações na Holanda nacionalizadas pelo governo holandês. Os governos da Alemanha, Irlanda e Grécia já declararam também que irão garantir depósitos bancários. O Federal Reserve (Fed, o BC americano) informou hoje que irá pagar juros sobre os depósitos compulsórios --que são as reservas de dinheiro que as instituições financeiras recolhem junto junto à autoridade monetária, compostas com parte do dinheiro depositado pelos seus clientes. No sábado, o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, disse que iria propor a criação de um fundo europeu de 12 bilhões de libras (US$ 21,3 bilhões) para ajudar pequenas empresas a enfrentarem a crise financeira. O ministro das Finanças do Reino Unido, Alistair Darling, disse por sua vez que está "pronto para fazer o que for preciso" para evitar uma crise de crédito no sistema financeiro britânico. Nada disso, no entanto, evitou o pânico em diversos mercados mundiais. FMI O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, pediu hoje aos países europeus que concretizem em fatos a decisão de se coordenar para enfrentar a crise financeira. "Os europeus devem se coordenar, devem atuar juntos", afirmou. Strauss-Kahn ressaltou que "não devem ser tomadas decisões nos quatro pontos da Europa sem que haja coordenação", porque os efeitos "podem ser particularmente daninhos". Na semana passada, o Fundo divulgou trechos do estudo "World Economic Outlook", no qual informou que a turbulência financeira iniciada no ano passado, causada pelos problemas no segmento de hipotecas "subprime" (de maior risco) nos EUA, se tornou uma "crise intensa". Além disso, essa crise deve atingir duramente a economia dos EUA, onde ela é mais sentida. "Nos EUA, os perfis dos preços dos ativos, do crédito total e do endividamento líquidos das famílias parecem similares aos dos episódios anteriores que foram seguidos de recessão", diz o documento.

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