Economia

Bovespa fecha em baixa de 5,43%, aos 42,1 mil pontos

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postado em 06/10/2008 17:36
Os mercados reagiram com pânico à perspectiva de uma piora na crise financeira, desta vez no continente europeu. Em um dia histórico, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve o seu pregão interrompido por duas vezes e passou a maior parte do dia com baixa de dois dígitos. O câmbio disparou para R$ 2,19 e o Banco Central interviu, oferecendo recursos para o mercado financeiro. E no epicentro da crise, a Bolsa de Nova York teve um tombo histórico. O estresse dos investidores começou logo pela manhã. Pouco depois da abertura, a Bolsa despencou rapidamente 10% e o mecanismo do "circuit breaker" foi acionado - às 10h19 - para evitar oscilações ainda bruscas. Após meia hora de interrupção --para acalmar os ânimos-- o mercado não melhorou. Em um pregão inundado por ordens de venda, o índice Ibovespa caiu 15%, quando o "circuit breaker" foi acionado novamente - às 11h44 - interrompendo os negócios, desta vez, por uma hora. Em menos de um mês, esse mecanismo foi utilizado três vezes. Antes do último dia 29, o "circuit breaker" havia sido acionado pela última vez em 1999. A Bolsa reabriu em negócios ainda em forte queda - de 11% -, mas amenizou as perdas ao longo do pregão, com alguns investidores voltando, aos poucos, às compras. O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, desvalorizou 5,43% no fechamento e desceu para os 42.100 pontos, o menor patamar desde março de 2007. O giro financeiro foi de R$ 5,26 bilhões. No pior momento do dia, as ações líderes da bolsa, Petrobras e Vale do Rio Doce, chegaram a amargar retração de quase 20%. No final do expediente, a ação preferencial da petrolífera caiu 3,22%, enquanto a ação da mineradora perdeu 6,80%. E nos EUA, a mundialmente influente Bolsa de Nova York perdeu 3,58%, caindo abaixo do patamar histórico dos 10 mil pontos pela primeira vez em quatro anos. O dólar comercial foi cotado a R$ 2,198 na venda, em uma forte alta de 7,42%. A taxa de risco-país marca 395 pontos, número 10,95% mais alto que a pontuação anterior. As bolsas européias concluíram os negócios registrando fortes quedas, a exemplo de Londres (baixa de 7,85%), Paris (baixa de 9,03%) e Frankfurt (queda de 7,07%). "Irracionalidade". As turbulências foram tão fortes que obrigaram o Banco Central e o Ministério da Fazenda a acalmar os mercados. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os mercados vivem um "momento de irracionalidade" e que a "situação é passageira". O BC realizou um leilão de swap cambial, instrumento que contribuiu para reduzir a disparada das taxas. Também anunciou que vai usar dinheiro das reservas internacionais para garantir crédito em dólares para os exportadores brasileiros. E a Fazenda confirmou que vai usar dinheiro do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para financiar as exportações, num momento em que as linhas de crédito estão escassas e caras para o exportador. "Vamos disponibilizar parte de reservas para banco brasileiros que vão financiar o comércio exterior. É só uma mudança de aplicação", afirmou o ministro. Europa Há semanas, o mercado observava problemas no sistema financeiro europeu, mas neste final de semana, os investidores realmente ficaram nervosos com a notícia da situação quase falimentar do banco alemão Hypo Real Estate (HRE). Para escapar da quebra, o HRE teve que ser salvo por uma operação conjunta entre o governo alemão e bancos privados. Especializado em hipotecas, o HRE também foi afetado em suas contas por carregar os problemáticos créditos imobiliários americanos que estão no centro da crise financeira que abala a economia mundial desde o ano passado. A situação do banco alemão reforça a percepção de que as instituições financeiras européias seguem pelo mesmo caminho dos bancos americanos, que anunciaram rombos bilionários e, ou foram "engolidos" por outros bancos, ou tiveram que ser socorridos pelo governo local.

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