postado em 07/10/2008 13:04
A indústria brasileira deve sentir os efeitos da crise internacional de crédito já no início de 2009, segundo avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, a desaceleração da indústria em agosto, divulgada nesta terça-feira (7/10) pela entidade, ainda não reflete esse problema. Ele também avalia que qualquer impacto no final de 2008 será pequeno e não vai comprometer o crescimento previsto para este ano.
"Para 2008, algum certo arrefecimento pode ser observado nos últimos meses do ano, mas nada que comprometa o desempenho da indústria neste ano", afirmou Castelo Branco.
A CNI prevê crescimento da economia de 5,5% em 2008 e de 3,5% em 2009. Esse resultado menor no próximo ano será reflexo do encarecimento do crédito internacional, que deve atingir também as linhas no mercado doméstico.
"Já nos primeiros meses de 2009, vamos ter uma percepção mais clara dessa desaceleração na economia mundial", afirmou. "O efeito da redução no volume de crédito e o encarecimento do crédito vão se transmitir para as linhas que não têm ligação com recursos internacionais." Segundo Castelo Branco, com esse aperto no crédito internacional, seria hora de o Banco Central rever a política de aumento juros, com "uma parada para se observar com mais clareza os efeitos da crise na economia brasileira".
Aprofundamento
A entidade diz que o aprofundamento da crise em setembro tornou explícito o problema de crédito, que afeta primeiro as empresas que dependem de financiamento para o comércio exterior.
O economista afirma que esse fator impedirá os setores exportadores de aproveitar os benefícios da alta do dólar, que barateia os produtos brasileiros no exterior.
"Não adianta a taxa de câmbio estar num nível mais positivo se você não tem o crédito. Nesse cenário, dificilmente esses setores vão encontrar crédito para fazer esses negócios", afirmou.
Segundo ele, a sondagem industrial da CNI já mostrou problemas de crédito para grandes empresas, mas não foi verificado os motivos dessa retração.