postado em 07/10/2008 13:09
O vice-presidente José Alencar minimizou nesta terça-feira (7/10) a crise financeira internacional ao afirmar que, apesar de grave, o Brasil vai conseguir atravessar "sem fortes impactos" a turbulência no mercado. Alencar disse que o país não pode fazer "juízo precipitado" da crise porque o crédito vai fluir "naturalmente" no Brasil.
"Nós temos que fazer o crédito. Não vai faltar recursos porque o próprio governo tomou providência de reduzir o depósito compulsório para sobrar mais recursos para aplicação", afirmou.
Alencar afirmou que o crédito "sempre foi escasso" no país, mas disse acreditar que a crise não vai reduzir a oferta. "Quando a imprensa coloca que vai faltar crédito, as pessoas começam a raciocinar antes que falte, como se já estivesse faltando. Vamos trabalhar com confiança na situação brasileira. Isso passa, o Brasil está em condições de fazer com que haja uma travessia capaz de nos levar a porto seguro." O vice-presidente voltou a defender a redução na taxa de juros também como alternativa para o Brasil enfrentar a crise. "Temos que reduzir esses juros básicos com o que rolamos a nossa dívida. Aí é grande economia de gastos que o país faz", afirmou.
Questionado sobre eventuais mudanças na meta de superávit primário, Alencar disse que o governo não pode acenar com um superávit elevado se não tem condições de cobrir o déficit. "O superávit primário existe justamente porque o Orçamento é deficitário. Ele deveria acabar, não existe superávit primário, existe um Orçamento de receita e despesa que precisa ser rigorosamente equilibrado. Não adianta acenar com superávit alto ainda que ele não seja suficiente para cobrir o déficit. O que nós queremos é administração fiscal absolutamente segura para permitir que o Brasil conviva com orçamento equilibrado", defendeu.
Na opinião do vice-presidente, o Brasil tem chances de não ser impactado pela crise porque os bancos não trabalham com o sistema de alavancagem no país.
"O sistema bancário no Brasil vai muito bem, está muito sólido, muito forte, está muito capitalizado e não trabalha com os abusos que aconteceram nos Estados Unidos. Daí a razão pela qual podemos passar por isso, dentre outras razões, sem grandes problemas."
Reforma tributária
Alencar defendeu a aprovação da reforma tributária pelo Congresso Nacional como mecanismo capaz de auxiliar no enfrentamento da crise internacional. "O presidente [Lula] deseja que isso aconteça, porque nós todos sabemos que o Brasil está precisando de um sistema tributário simplificado, de tal forma a estimular o próprio desenvolvimento. Nós todos desejamos que isso aconteça", afirmou.
O presidente do Congresso, Garibaldi Alves (PMDB-RN), concordou que está na hora do Congresso dar um "empurrão" para aprovar a reforma tributária, mas admitiu que o tema só será aprovado se tiver apoio dos líderes partidários.
"As medidas que o governo mandar [contra a crise] e o Legislativo achar que são oportunas, vamos ver o que pode ser feito. Temos que ajudar, mas não sei qual o entendimento sobre a reforma tributária. Se ela se impor, é hora de dar um empurrão no bom sentido", afirmou.