postado em 08/10/2008 15:25
A economia mundial terá um crescimento muito fraco em 2009, mas evitará a recessão, disse nesta quarta-feira (8/10) o principal economista do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard.
"Nossa posição é que não é útil usar a palavra recessão quando o mundo tem um crescimento de 3%. Na definição normal do termo, a recessão é um dado negativo de crescimento, e não é esse o caso", disse. Segundo ele, 3% é "um dado muito fraco para o crescimento mundial, e no passado isto foi definido como o limite de uma recessão mundial", acrescentou.
"Uma desaceleração econômica mundial mas com um crescimento positivo é provavelmente uma melhor definição do que estamos enfrentando", afirmou.
Para os EUA, no entanto, existe um "risco real" de recessão nos próximos trimestres, afirmou ontem o vice-diretor-gerente do Fundo, John Lipsky. "Existe um risco real de que a produção se contraia nos próximos trimestres, antes de aumentar no próximo ano", disse.
No relatório World Economic Outlook (em português, Perspectiva Econômica Mundial, divulgado hoje pelo Fundo, a previsão de expansão da economia americana para 2008 é de 1,6%, ligeiramente acima do 1,3% calculado em julho. O relatório do Fundo destaca que a piora do crédito já tem um impacto visível na concessão de novos empréstimos e prevê que o acesso a empréstimos e financiamentos continuará sendo difícil ao longo de 2009.
"O impacto será provavelmente maior nas famílias (...), mas nas atuais condições nos mercados financeiros é provável que as empresas também sejam afetadas de forma negativa, apesar de seus sólidos balanços e de suas ainda saudáveis margens de lucro", diz o relatório.
O FMI destaca também que a queda dos preços dos imóveis de entre 5% e 17% durante o último ano, dependendo do índice usado, "não tem precedentes desde a Grande Depressão". A crise que afeta o mercado imobiliário é "uma correção necessária após um período de excessos´, diz o Fundo, que insiste em que "há alguns sinais provisórios de estabilização", como os números recentes de vendas de imóveis.
Além disso, o FMI estima que o pacote de resgate do setor financeiro, de US$ 700 bilhões, aprovado pelo Congresso na Semana passada, ajudará a estabilizar os mercados, mas "um tempo considerável" irá passar antes de uma melhora.