Economia

Aplicações feitas na hora errada fazem brasilienses lamentar

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postado em 09/10/2008 08:25
Apesar do bombardeio de informações sobre a crise econômica, a estratégia utilizada pelo brasiliense Ricardo Vieira, gerente financeiro de um shopping da cidade, é não acompanhar o desempenho do mercado de capitais. Pelo menos assim, evita aborrecimentos, aposta. Aos 29 anos, ele voltou a investir em ações há menos de um mês, após passar alguns meses fora do mercado. Ricardo tirou o dinheiro de um fundo de renda fixa e aplicou em um de renda variável por indicação de seu gerente. Em três semanas já perdeu 25% do dinheiro que iria lhe ajudar a quitar seu apartamento. ;Foi uma besteira. Vou deixar o dinheiro lá só até recuperar o que eu perdi e depois tiro e não invisto mais. Mas, enquanto isso, evito olhar o desempenho da bolsa para não me estressar;, conta. A primeira experiência de Ricardo foi há cerca de dois anos, quando trocou a tradicional poupança por fundos de renda variável. ;Quando teve a primeira crise do subprime eu tirei o dinheiro investido. E resolvi voltar justo agora, no ápice da crise;, lamenta. O economista Vítor Amancio, de 25 anos, é outro que amarga prejuízo com a crise. Ele entrou no mercado de ações pela segunda vez em sua vida no mês de julho. ;Achei que, naquela época, já tinha caído o suficiente para eu voltar a comprar ações;, conta. O agravamento da crise financeira atrapalhou seus planos, mas não desanimou o jovem. ;Eu pensava em investir a longo prazo, mas essa crise me prejudicou;, revela. Ele conta que ficou assustado com os resultados do estresse econômico mundial. ;Não esperava que fosse cair tanto;, lamenta. Mesmo após perder 30% do capital injetado na compra de ações, Vítor não desfez a aplicação. A idéia é deixar o dinheiro voltar a valer o mesmo de antes. Para isso, ele está disposto a esperar até cinco anos. ;Não fiz mais nenhum aporte, mas não mexi nas minhas carteiras;, diz. Atualmente, investe o que tem extra em renda fixa. O economista teme os futuros resultados da crise. ;Os lucros das empresas estão prejudicados até o ano que vem, por isso não espero recuperar o que perdi até 2009;, afirma. O momento, acrescenta Vítor, é de cautela. O temor dos investidores chegou até mesmo ao site de relacionamento Orkut, onde milhares de internautas discutem os impactos da crise e tentam trocar experiências sobre as conseqüências no mercado de ações. Em apenas uma comunidade, denominada ;O investidor agressivo;, são 10.408 participantes, que trocam centenas de mensagens diariamente. Uma outra comunidade, intitulada ;Crise econômica mundial;, discute os impactos da turbulência. Até ontem contava com 93 integrantes. Dica é ficar parado A estratégia utilizada pelo economista Vítor Amancio, manter o dinheiro já aplicado em ações e direcionar as novas remessas para a renda fixa, é elogiada pelo superintendente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Edson Garcia. ;Quem está aplicado em ações e pode deixar o dinheiro investido, não precisa dele de imediato, deve deixar parado. E se for preciso, deve calcular se vale a pena realizar o prejuízo. Mas se aparecer um dinheiro novo, o mais seguro neste momento é a renda fixa;, afirma. Apesar da recomendação de especialistas para não retirar o dinheiro aplicado neste momento a fim de não amargar os prejuízos, os dados da BM mostram que em setembro houve diminuição do número de investidores pessoa física no mercado de ações, o que não ocorria desde março deste ano. No mês passado, a bolsa possuía 527.692 investidores, contra 529.089 registrados em agosto. Apesar da redução do número de pessoas físicas, proporcionalmente aumentou a participação delas dentro do total de investidores. Em setembro, representavam 27,45% dos investidores. Em agosto eram 24,28%. Apesar das incertezas, o diretor-geral do Instituto Nacional de Investidores (INI), Theo Rodrigues, recomenda que as pessoas cumpram o que a entidade classifica como princípio número um do investidor. ;Orientamos que a pessoa invista regularmente uma quantia, não aplique tudo de uma vez. Mesmo neste momento, é melhor investir um pouco aos poucos, aproveitando o preço baixo. Com essa política poderá equilibrar o preço pago. E tem que ter calma, o mercado é para longo prazo. E longo prazo é pensar em investimento para ser resgatado de cinco a 10 anos;. Leia mais sobre crise internacional na edição impressa do Correio Braziliense

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