postado em 09/10/2008 15:55
O Equador assumirá de forma definitiva os projetos que estavam a cargo da construtora brasileira Norberto Odebrecht depois de descartar um possível acordo com a empresa, que apesar de sua decisão de compensar os danos em uma das obras deverá deixar o país, informou nesta quinta-feira (9/10) o governo.
"Já tomamos uma decisão: a de assumir uma responsabilidade total como governo e equatorianos de tudo o que esteja relacionado à Odebrecht", disse o ministro coordenador de Áreas Estratégicas, Galo Borja, à rede Teleamazonas.
O governo equatoriano ordenou no final de setembro o confisco dos bens da empresa e a militarização das obras das quais ficou encarregado, porque a Odebrecht havia supostamente se recusado a pagar uma indenização pelos danos que causaram a paralisação da hidrelétrica San Francisco, a segunda maior do país.
Junto a esse caso o Executivo avalia a possível nacionalização dos poços de petróleo que a Petrobras explora (com 32 mil barris diários) diante de sua rejeição em modificar seu contrato.
A Odebrecht tinha sob sua responsabilidade projetos como o de uma nova hidrelétrica (por US$ 458 milhões), de um sistema de irrigação e de um aeroporto na cidade amazônica de Tena.
A empresa havia anunciado sua intenção de pagar as compensações e aceitar as condições do Equador, mas as autoridades "encontraram irregularidades por todos os lados", o que torna inviável a sua permanência no país, segundo o ministro.
"Está nos tratando como um país de última categoria e não podemos permitir isso", disse Borja, que não acha que a questão possa afetar as relações com o governo brasileiro.
"A Odebrecht tem prestígio mundial, mas conosco agiu muito mal (...) Qualquer presidente ou empresa se daria conta de que eles não atuaram bem", acrescentou.
Retaliação
Apesar dos equatorianos achar que a situação com a construtora não possa afetar a relação entre os governos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu de forma mais dura contra as medidas e determinou o adiamento de uma missão ao país vizinho que estava agendada para o próximo dia 15 de outubro.
Em nota divulgada hoje pelo Ministério de Relações Exteriores, o presidente, através do ministro Celso Amorim, instruiu que o Embaixador do Brasil no Equador, Antonino Marques Porto e Santos, entrasse em contato com a chanceler equatoriana para cancelar a missão que seria chefiada pelo ministro dos Transportes, Alfredo do Nascimento, que discutiria apoio brasileiro a obras de infra-estrutura viária no país. "Em face dos últimos desdobramentos envolvendo empresas brasileiras naquele país, que contrastam com as expectativas de uma solução favorável quando do recente encontro entre os dois presidentes em Manaus, o governo brasileiro decidiu postergar sine die (sem data definida) a ida ao Equador", diz a nota.