postado em 09/10/2008 20:34
Os países mais ricos e as economias emergentes tentarão coordenar ações para conter a crise financeira neste final de semana em Washington, durante as assembléias do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (Bird), que podem ser um marco histórico para as finanças mundiais.
As assembléias do FMI e do Bird na capital americana servirão como cenário de um histórico encontro do G-20, que reúne países ricos e nações emergentes como China, Índia, Brasil e México, com o pano de fundo das fortes quedas das bolsas mundiais e reduções das taxas de juros por parte de bancos centrais do mundo todo.
A reunião de sábado foi convocada pelo Brasil, que ocupa a presidência rotativa do G-20 Financeiro, anunciou o ministério da Fazenda brasileiro na quarta-feira.
O G-20 soma 90% do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas de um país) do mundo e 80% do comércio, segundo dados do próprio grupo.
Os pedidos para coordenar posições entre governos e bancos centrais de todo o mundo se multiplicam, e o diretor-gerente do FMI, o francês Dominique Strauss-Kahn, elogiou na quarta-feira a redução coordenada das taxas de juros anunciada por sete bancos centrais, estimando ter sido "a decisão certa a tomar".
O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), o Banco Central Europeu (BCE) e os bancos de Grã-Bretanha, Canadá, Suécia e Suíça, além da China, agiram na quarta-feira para reduzir suas taxas de juros.
O chefe do Fundo destacou nesta quinta-feira (9/10) que "a cooperação e a coordenação são a chave do sucesso. Todas as formas de cooperação devem ser recomendadas".
Strauss-Kahn declarou-se cético, no entanto, quanto à possibilidade de organizar uma conferência internacional sobre a regulamentação financeira, semelhante à de Bretton Woods, que deu origem ao FMI e ao Bird, em 1944.
Neste contexto, as duas instituições reduziram suas previsõs de crescimento para 2008 e 2009, e consideram agora que o mundo enfrenta a pior crise financeira desde a década de 30.
O FMI calcula um crescimento de 3,9% da economia mundial em 2008 e de 3% em 2009, com os Estados Unidos, origem da crise, crescendo em média 1,6% em 2008 e apenas 0,1% em 2009.
A zona do euro, por sua vez, deve crescer 1,3% em 2008, contra 2,6% em 2007, e modestos 0,2% em 2009, segundo o relatório de Perspectivas Econômicas Mundiais divulgado pelo FMI no começo da semana.
"A situação é excepcionalmente incerta e sujeita a riscos consideráveis", advertiu o organismo.
Strauss-Kahn disse ainda que "as ondas que atingirão os países emergentes podem chegar mais tarde e com menos força, mas haverá conseqüências".
Blindagem
Consultado por jornalistas sobre o caso do Brasil, o diretor-gerente do FMI estimou que o país possui "uma economia em boa forma", mas não é imune à crise, e os efeitos serão sentidos mais cedo ou mais tarde no gigante sul-americano.
Apesar da América Latina como um todo estar mais blindada para enfrentar uma crise financeira global do que em épocas anteriores, o Bird emitiu uma forte advertência na quarta-feira, após a derrubada de várias bolsas da região e da disparada do preço do dólar, depois de alguns anos de bonança econômica e do fortalecimento das moedas locais.
G-7
Na sexta-feira (10/11), será realizada a tradicional reunião de Finanças do G-7, antes das assembléias do FMI e do Bird em Washington. O grupo reúne Estados Unidos, Alemanha, Canadá, França, Grã-Bretanha, Itália e Japão.
Os ministros das Finanças do G-7 serão recebidos no sábado na Casa Branca pelo presidente George W. Bush, anunciou a presidência americana nesta quinta-feira.