Economia

Argentina teme efeitos do real desvalorizado

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postado em 10/10/2008 08:52
A crise internacional pode abalar mais uma vez a paz nas relações comerciais entre Brasil e Argentina, após os desentendimentos na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). No país vizinho, acreditam que a desvalorização do real, ocasionada pela crise, provocará duas invasões: de produtos brasileiros na Argentina e de turistas argentinos no Brasil. Empresários temem que o real desvalorizado e a queda na demanda de produtos brasileiros pelos EUA e pela Europa aumentem ainda mais o superávit comercial do Brasil na relação bilateral. "É um perigo real e, mesmo que não possamos supor que todas as exportações que iriam para os EUA venham para a Argentina, temos que estar preparados", disse o presidente da União Industrial Argentina, Juan Carlos Lascurain, à imprensa local. Lascurain afirmou que o governo deve adotar medidas para proteger a indústria local de uma possível invasão brasileira. Apesar de formalmente os dois países afirmarem que sua maior preocupação é uma possível invasão de produtos asiáticos, o governo argentino já estaria estudando aplicar o mecanismo de adaptação competitiva, assinado com o Brasil. O convênio permite frear importações no âmbito do Mercosul se há ameaça de dano a um setor produtivo. Invasão argentina Como resposta à possível invasão de produtos brasileiros, a desvalorização do real também pode provocar uma nova invasão de argentinos nas praias brasileiras. "O Brasil havia se tornado um destino muito caro e volta a ser uma opção apetecedora para os argentinos", disse o presidente da Associação Argentina de Agências de Viagens e Turismo, Ricardo Roza, ao jornal "La Nación". Empresários do setor já discutem medidas para evitar um êxodo nas praias argentinas no verão como o que aconteceu em 1999, com a desvalorização do real. Como medida de proteção, o chanceler argentino, Jorge Taiana, sugeriu reunião do Conselho do Mercado Comum, que reúne ministros de Economia e chanceleres do Mercosul. No entanto, a reunião deve ser convocada pelo Brasil, que têm a presidência pro tempore do bloco.

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