Economia

Bovespa desvaloriza 6%; dólar dispara 4,86%, a R$ 2,305

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postado em 10/10/2008 09:51
Os mercados financeiros atravessam outro dia de fortes turbulências nesta sexta-feira (10/10), sem que investidores percebam o fim das volatilidades que derrubam Bolsas de Valores ao redor do mundo para níveis históricos. O Ibovespa, principal índice de ações da Bolsa paulista, desvaloriza 6,03%, aos 34.845 pontos. Nesta quinta-feira (9/10), a Bolsa fechou em queda de 3,92%. O dólar comercial é cotado a R$ 2,305 na venda, em forte alta de 4,86%. O Banco Central promove um novo leilão de "swap" cambial, previsto para as 12h45, o quinto em menos de dez dias. Hoje, as notícias de Wall Street já fizeram as Bolsas asiáticas desabarem, a exemplo de Tóquio, onde a Bolsa local fechou com perdas de 9,62%, o pior dia desde o "crash" de 1987. Os investidores já perceberam que a crise financeira contaminou a economia real, de forma direta ou indireta, em todas as partes do planeta. Nos EUA, a notícia de um possível rebaixamento do "rating"(risco de crédito) da General Motors e da Ford fez Wall Street desabar, arrastando consigo a Bovespa, que derreteu mais de 25% nos últimos seis dias. No Japão, Yamato Life Insurance pediu falência, em meio a uma dívida de 269,5 bilhões de ienes (US$ 2,7 bilhões). No Brasil, algumas das maiores empresas do país acusaram perdas milionárias devido às turbulências do câmbio, caso da Aracruz e da Sadia. E analistas temem que outras empresas também revelem prejuízos pelo mesmo motivo. Ontem, a agência de classificação Fitch rebaixou o "rating" da Aracruz, enquanto colocou sob observação a "nota" para uma série de bancos médios e pequenos do país. Sem efeito O nervosismo dos investidores é ainda mais grave porque sucede após uma série de medidas dos governos americanos e europeus para deter os desdobramentos da crise dos créditos "subprime", sem que consiga acalmar os mercados financeiros. Nas últimas semanas, o Congresso americano já aprovou um pacote bilionário (US$ 700 bilhões) para resgatar créditos problemáticos, ainda em fase de implantação; uma medida que já foi replicada na Inglaterra e na Rússia; uma série de instituições financeiras já foram "salvas" da falência por intervenções diretas dos governos locais, a exemplo de gigante americana dos seguros, a AIG, ou do banco alemão Hypo Real Estate; e outros muitos bancos já foram engolidos por rivais de longa data, caso da Merrill Lynch, comprada pelo Bank of America. Sem esquecer das injeções de bilhões de dólares quase diárias por parte dos bancos centrais para animar a circulação de recursos entre os bancos. No dia 29 de setembro, dez BCs anunciaram uma oferta de US$ 620 bilhões em liquidez [oferta de dinheiro]; em outra ação conjunta posterior, outros seis BCs anunciaram leilões de US$ 450 bilhões até o fim do ano para garantir que não ocorra falta de dinheiro. E nesta semana, seis bancos centrais - Federal Reserve (Fed, o BC americano), Banco do Canadá, Banco da Inglaterra (BC britânico), BCE (Banco Central Europeu), Sveriges Riksbank (da Suécia) e SNB (Banco Nacional da Suíça, na sigla em inglês) - cortaram suas taxas de juros, esperando que um barateamento do crédito aliviasse também a pressão sobre a taxa Libor (juro interbancário no mercado internacional), facilitando as trocas de capitais entre as instituições bancárias. Além disso, o governo britânico anunciou um pacote bilionário para evitar quebras de bancos. No Brasil, o governo já tomou uma série de medidas para prevenir o contágio do país. Desde a segunda quinzena de setembro, o Banco Central aumentou suas intervenções sobre o mercado de câmbio, promovendo leilões de venda de dólares, com queima de reservas, e de "swap" cambial. O governo também mexeu no recolhimento de depósitos compulsórios, o dinheiro obrigatoriamente retido pelos bancos no BC. Em três medidas diferente, já foram liberados R$ 60 bilhões para o sistema bancário, com alvo nos bancos pequenos e médios, os mais afetados pela crise. Recessão Um indicativo eloquente da piora da crise é a frequência cada vez maior com que o termo "recessão" surge nos discursos de algumas das autoridades de influência mundial. Ontem, o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, afirmou que o mundo está "à beira de uma recessão" e pediu uma ação de "forma rápida, vigorosa e coordenada". No mesmo dia, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, alertou para possíveis "emergências bancárias" no mundo em desenvolvimento e crise nas balanças de pagamentos na medida em que a atual crise financeira avance.

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