Economia

Bovespa cede 7,23%; dólar sobe 2,45%, a R$ 2,251

;

postado em 10/10/2008 12:15
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ainda amarga fortes perdas no pregão desta sexta-feira (10/10), em um novo dia de pânico nos mercados. A sessão já foi interrompida uma vez, às 10h35, quando a Bolsa desabou 10,19%. O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, cede 7,23% e desce para os 34.400 pontos. O giro financeiro é de R$ 1,67 bilhão. Embora a Bolsa tenha reduzido o ritmo vertiginoso de perdas, algumas ações ainda têm perdas superiores a 10%, como o caso da JBS (-20,88), CSN (-12,86%) e Gerdau (-11,54%). O dólar comercial é cotado a R$ 2,251 na venda, em forte acréscimo de 2,45%. O Banco Central já promoveu um leilão de venda de dólares, com queima de reservas. Um novo leilão de "swap" cambial está programado para as 12h45. Esse leilão equivale a uma venda de dólares no mercado futuro e pode contribuir para segurar a disparada das cotações. Na Europa, as principais Bolsas de Valores amenizaram um pouco o desastre visto pela manhã. O mercado londrino, que chegou a despencar 10% logo na abertura, cede 7,68%. Em Frankfurt, o índice Dax cede 6,05%. E nos EUA, a Bolsa de Nova York, que despencou 12%, retrai 3,23%. Analistas afirmam que o mercado financeiro ainda aguarda uma atitude drástica do governo americano para deter a crise. Hoje, o presidente dos EUA, George W. Bush voltou a falar em cadeia nacional, destacando as reuniões que ocorrerão a partir de hoje entre o governo americano e representantes do G7 (grupo dos sete países mais ricos) e do G20 (grupo de países emergentes liderado pelo Brasil). Segundo analistas, o mercado aguardava que o presidente Bush sinalizasse algum tipo de medida para garantir os depósitos bancários, o que não aconteceu. O maior temor dos investidores é que a crise precipite uma corrida aos bancos, nos moldes do desastre de 1929. O pânico de hoje é provocado principalmente pela percepção dos investidores de que a crise financeira já atingiu em cheio a economia real. Ontem, a Bolsa de Nova York desabou 7,33% na última hora de operações, com as más notícias sobre as gigantes do setor automobilístico General Motors e Ford Motors, sob ameaça de rebaixamento de seus "ratings" (notas de risco de crédito). Hoje, a seguradora japonesa Yamato, à beira da quebra sob dívidas bilionárias, ampliou o alcance geográfico da crise financeira e contribuiu para elevar ainda mais o nervosismo dos investidores. O mercado brasileiro já tem um canal de contaminação claro, já que um terço dos investidores que operam na Bolsa são "estrangeiros" ou "não-residentes". Outro canal de contaminação vem pelo preço das commodities (matérias-primas). As principais ações da Bovespa são de empresas como Petrobras, Vale do Rio Doce e CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), fortemente influenciadas pelas cotações do petróleo e das matérias-primas metálicas. E com a perspectiva de uma recessão global, esses preços desabaram pesadamente. O barril de petróleo, que há alguns meses ameaçava bater a cotação histórica de US$ 200, como chegaram a supor algumas consultorias internacionais, é cotado nesta sexta-feira a US$ 85, em forte declínio de quase 6%. "Estamos trabalhando com o mundo inteiro", disse o presidente. Segundo ele, isso é um "sinal inequívoco de que vamos superar os problemas juntos".

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação