Economia

Marcos Valério tentava livrar cervejaria de multa por sonegação fiscal

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postado em 10/10/2008 21:24
O empresário Marcos Valério e seu sócio Rogério Tolentino foram presos hoje (10), na Operação Avalanche, sob acusação de comandar um grupo para tentar livrar a Cervejaria Petropólis de uma fiscalização feita por fiscais da Receita estadual, que a autuou em mais de R$ 104 milhões por sonegação de impostos. Marcos Valério foi preso em Belo Horizonte (MG) e deve ser transferido no início da noite de hoje para São Paulo para prestar depoimento. A tática utilizada pelo grupo, segundo a Polícia Federal, era a de tentar desmoralizar os fiscais responsáveis pela autuação, o que levou os criminosos a abrir um inquérito policial contra os dois fiscais na cidade de Santos (SP), utilizando-se, para isso, de fatos inverídicos. A Operação Avalanche, deflagrada hoje pela Polícia Federal, era composta de três núcleos. Marcos Valério e Tolentino eram parte do terceiro núcleo, de acordo com a Justiça Federal. A Polícia Federal deu detalhes sobre a operação, mas não confirmou o nome de nenhum dos presos e nem mesmo das empresas investigadas. Os nomes foram mais tarde confirmados pela Justiça Federal. ;O terceiro núcleo da operação seria o da movimentação de uma empresa [a Cervejaria Petropólis] para que se instaurasse um inquérito contra dois fiscais da Receita estadual que a havia autuado em mais de R$ 100 milhões. A empresa, por meio de um de seus conselheiros [Marcos Valério], busca, por meio de dois advogados, aproximar-se da Polícia Federal [em Santos] para instaurar um inquérito contra esses dois fiscais da Receita. E infelizmente esse inquérito foi instaurado;, explicou o superintendente da Polícia Federal em São Paulo, Leandro Daiello Coimbra, durante entrevista coletiva. ;Marcos Valério era o conselheiro dessa empresa e, pelo que consta, teria intermediado o vínculo dos advogados com os policiais;, disse o superintendente. De acordo com informações da Justiça Federal, os agentes aposentados da Polícia Federal Paulo Endo e Daniel Ruiz Balde teriam sido contratados pelo advogado mineiro Ildeu da Cunha Pereira para ;tentar plantar a notícia da instauração do inquérito na imprensa local, sobretudo em Santos;. Ildeu Pereira, por sua vez, agia ;a mando de Marcos Valério e Rogério Tolentino; que ;tencionavam dar causa à instauração de procedimento investigatório e tornar públicas notícias falsas e difamatórias; contra os fiscais que haviam autuado a empresa. Paulo Endo e Daniel Ruiz se utilizaram de contatos que tinham na delegacia da Polícia Federal em Santos e conseguiram ;cooptar os delegados Silvio de Oliveira Salazar e Antônio Vieira da Silva Hadano para que fosse instaurado inquérito em contra os fiscais;. Para isso, fundamentaram-se em informações sigilosas e difamatórias obtidas pelos policiais civis Fábio Gatto e Rubens Custódio e Leandro Marinny Lage Balducci. Segundo o superintendente da Polícia Federal, foram apreendidos hoje mais de R$ 500 mil na casa ;de um advogado mineiro; que, suspeita-se, seja Ildeu Pereira. Por meio de nota, a Cervejaria Petrópolis confirma a visita de policiais federais na sua unidade de Boituva, cidade do interior em São Paulo. A empresa informou ainda que não se pronunciaria sobre o caso por não ter conhecimento sobre o inquérito. Mas negou que possua ;qualquer tipo de contrato de trabalho com o Marcos Valério; e afirmou estar ;à disposição das autoridades para prestar qualquer tipo de esclarecimento;. Procurado pela Agência Brasil, o advogado Marcelo Leonardo, defensor de Marcos Valério, disse que seu cliente não é sócio e nem conselheiro de nenhuma cervejaria e que apenas ;prestava serviços de consultoria para uma empresa;. O advogado também reclamou de não ter tido acesso ao inquérito e disse que viajaria hoje para São Paulo para tentar obter mais informações sobre a operação. O advogado Alberto Carlos Dias, defensor do policial civil Fábio Gatto, buscou informações sobre o inquérito contra o seu cliente na sede da Polícia Federal paulista. ;Não sabemos a fundamentação [da prisão]. Indubitavelmente há uma grande crítica a essas operações [da Polícia Federal], ou seja, a gente não sabe a razão dessa prisão;, disse Dias à Agência Brasil. Segundo ele, o inquérito teria sete mil páginas. ;Isso obsta o exercício da defesa e causa prejuízos à defesa;, reclamou. Dias afirmou que, após ter o acesso aos autos, pretende entrar com um pedido de revogação de prisão. Se a prisão for mantida, o advogado pretende entrar com habeas corpus na Justiça. Segundo a Justiça Federal, foram presos temporariamente Giorgio Kouri Zarif, Yussef Nakamori do Nascimento, José Roberto Nascimento, Leandro Marinny Lage Balducci, Eloá Leonor da Cunha Velloso, José Ricardo Tremura, Eduardo Roberto Peixoto e Afonso José Penteado Aguiar. Além deles, tiveram prisão preventiva decretada pela Justiça Francisco Pellicel Junior, Paulo Endo, Daniel Ruiz Balde, Silvio Oliveira Salazar, Antonio Vieira da Silva Hadano, Edison Alves Cruz, Fábio Tadeu dos Santos Gatto, Marcos Valério Fernandes de Souza, Rogério Lanza Tolentino e Ildeu da Cunha Pereira.

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