Economia

Dilma descarta possibilidade de 'socialização de perdas'

;

postado em 11/10/2008 09:02
O governo brasileiro não tem planos de auxiliar companhias que já tenham admitido perdas financeiros por causa da inversão da trajetória do dólar. A negativa foi dada pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, durante resposta a um questionamento sobre se pretendia ajudar empresas como Sadia, Aracruz e Votorantim, que admitiram prejuízo de quase R$ 5 bilhões. ;O governo não pretende socializar perda nenhuma e nem foi procurado por nenhuma empresa para isso;, disse após o Terceiro Fórum de Executivos Brasil-EUA realizado em São Paulo. Dilma explicou que o que o governo tem a oferecer para o setor produtivo são linhas de financiamento, portanto um crédito cujo o juro deve ser pago pelo contratante. A ministra afirmou que não há dúvidas de que a crise atual tenha um componente externo muito grande. ;Aqui o governo tem a perfeita clareza de que uma das suas funções é assegurar e prover o crédito necessário sem comprometer as boas práticas;, analisou. E ressaltou que, caso necessitem de crédito, trata-se de empresas que têm condições de pagar seus financiamentos. ;Não podemos confundir créditos podres com a situação momentânea no Brasil de (baixa) liquidez;, disse. No mesmo evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a adoção de medidas regulatórias para, segundo ele, ;abater a anarquia que se instalou sobre a economia mundial;. Disse que os bancos centrais devem estabelecer novas regras e os países precisam acatá-las. Segundo ele, a crise foi provocada porque alguns bancos levantaram empréstimos 35 vezes maiores do que o seu patrimônio líquido, enquanto no Brasil os bancos conseguem até 10 vezes o seu patrimônio. Ele disse que os bancos que não cumprirem as regras estabelecidas devem ser punidos. Ganância ;Vamos ser francos, de coração. Atividade de um banco, trabalhando sério e à luz do dia, já é rentável. Não precisa trabalhar no submundo da especulação;, acusou. ;A era do domínio da economia virtual acabou.; Ainda como se estivesse dando um puxão de orelhas nos responsáveis pela crise internacional, disse que os países pobres não podem pagar pelos ;desacertos; de alguns. ;É chegada a hora da política. É preciso adotar medidas regulatórias para abater a anarquia que se instalou sobre a economia mundial, crise esta que mergulhou o mundo em conseqüências sociais e políticas muito graves;, afirmou. Numa resposta velada àqueles que dizem que o governo não estaria blindado contra a crise, Lula disparou: ;Não sou um homem chegado a vender catástrofe quando não vejo catástrofe. Sei da diferença do que estamos vivendo com o que já vivemos;. Lula admitiu ainda que ninguém sabe hoje a extensão da crise. Na avaliação do presidente, ;muitos agentes de mercado agiram como adolescentes que escondem o boletim com nota vermelha;. Ao justificar os motivos que o fazem acreditar na segurança da economia brasileira, Lula listou: ;Não há sinais de que nosso sistema financeiro está envolvido nisso. Além disso, temos um país preparado para financiar nossas exportações e o nosso sistema de crescimento. Outra coisa, as obras do PAC serão mantidas;, assegurou. Lula ainda disse que, numa eventual falta de crédito, vai pedir empréstimos para credores internacionais. ;Se for preciso vou viajar o mundo para pedir empréstimo para um país que é bom pagador.; Para encerrar, aconselhou os brasileiros: ;Ninguém precisa deixar de comprar, mas compre somente o necessário, o que o salário permite;.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação