Economia

Um dia após acordo anticrise, países europeus liberam mais de 1 tri de euros

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postado em 13/10/2008 12:14
Um dia depois decidirem injetar recursos para refinanciar bancos e adquirir participações nos mesmos, os países da zona do euro (que usam o euro como moeda única) e a Inglaterra iniciaram os anúncios de quanto irão gastar nesta missão. Até o final da manhã desta segunda-feira (13/10), cinco dos 15 países que estão na zona do euro já anunciaram a liberação de recursos na ordem de 1,06 trilhão de euros (US$ 1,35 trilhão): Alemanha (480 bilhões de euros), França (360 bilhões de euros), Espanha (100 bilhões de euros), Áustria (100 bilhões de euros) e Portugal (20 bilhões de euros). Os 15 países concordaram no domingo, em Paris, em criar um plano conjunto para atacar a crise centrado em dois pilares: a garantia dos empréstimos interbancários e o apoio às entidades para evitar sua quebra, recorrendo, inclusive, a recapitalizações. Esta "caixa de ferramentas" será aplicada em nível nacional, de acordo com a disponibilidade financeira e com as prioridades de cada um dos países. Além dos países da zona do euro, a Inglaterra também já tinha realizado um pacote de ajuda semelhante de 50 bilhões de euros, a serem usados para comprar ações dos principais bancos do país. O governo local anunciou que recapitalizará os bancos Royal Bank of Scotland (RBS), HBOS e Lloyds TSB com esses recursos para manter os mesmos em boa situação. Esse pacote foi considerado o "modelo" para a medida dos países da zona do euro. A maior parte dos recursos disponibilizados pelos países europeus para acalmar os ânimos do setor financeiro será usado para garantir empréstimos interbancários. Mas austríacos, alemães e franceses também liberaram dinheiro para a compra de ações dos bancos mais prejudicados. Apesar do alívio que a injeção de recursos pode gerar, a chanceler alemã Angela Merkel afirmou que as medidas tomadas só funcionarão se vierem acompanhadas de uma melhor regulação internacional, que ponha "fim aos excessos do mercado". "As medidas de hoje são o primeiro elemento de uma nova carta para o mercado financeiro, mas só valerão a pena se vierem acompanhadas de um segundo elemento, em particular uma mudança nas regras internacionais", afirmou durante o anúncio da parte alemã do pacote. "Nós nos vimos confrontados com os excessos do mercado." *Bancos centrais* Além das iniciativas dos governos, outra frente foi aberta na Europa para tentar reduzir o impacto da crise financeira global. Os bancos centrais da Europa anunciaram hoje que proporcionarão quantidades ilimitadas de créditos em dólares em períodos compreendidos entre uma semana e 84 dias. O BCE (Banco Central Europeu), o Banco da Inglaterra e o SNB (Swiss National Bank) oferecerão empréstimos em dólares para períodos de sete, 28 e 84 dias "a juros fixos", afirmou o BCE em um comunicado. "Os bancos poderão pegar empréstimos no valor que quiserem com estas operações", indicou a instituição européia, com sede em Frankfurt [oeste da Alemanha], que pretende enviar assim uma mensagem forte e positiva aos mercados. Como conseqüência, a quantia dos acordos de "swap" entre o Federal Reserve (Fed, o BC americano) e os bancos centrais europeus --que servem para emprestar dinheiro entre eles-- aumentará para ser adaptada à quantidade de dólares solicitada pelos bancos, conforme indicou o BCE. "Os bancos centrais continuarão trabalhando conjuntamente e estão dispostos a adotar todas as medidas necessárias para conceder dinheiro suficiente aos mercados", disse o BCE. Na semana passada, o banco havia decidido, de forma coordenada, com seus cinco correspondentes, um corte de meio ponto das taxas de juros, numa tentativa de conter a queda vertiginosa dos mercados financeiros e restabelecer a confiança dos bancos, que se negam a empestar dinheiro entre eles. A instituição européia prosseguirá, além disso, enquanto for necessário, com as injeções de dólares a muito curto prazo (24 horas) que já vem realizando diariamente desde o início da crise. As medidas em dólares se somam a todas as operações em euros realizadas pelo BCE, de forma regular ou excepcional. O conjunto do dispositivo se manterá pelo menos até janeiro de 2009.

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