Economia

Aperto do crédito com a crise já chegou ao comércio, afirma IBGE

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postado em 15/10/2008 12:00
Apesar da crise financeira ter se intensificado em setembro, o comércio brasileiro começou a sentir algum efeito da turbulência internacional um mês antes, segundo avaliação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o coordenador de pesquisa mensal de comércio, Nilo Lopes de Macedo, agentes econômicos temerosos com o agravamento da situação passaram a ser mais rigorosos na concessão de crédito e elevaram as taxas de juros. O resultado, segundo ele, foi um desempenho um pouco pior das vendas do comércio tanto na comparação de agosto com julho como em relação a agosto do ano passado. Mesmo com a reversão do resultado negativo em julho (vendas cresceram em agosto sobre o mês anterior), Macedo chamou atenção para o fato de que oito dos dez gêneros pesquisados registraram desaceleração. "Não há dúvidas que os agentes econômicos, em termos de precaução, já começaram a mexer nas taxas de juros e se tornaram mais seletivos na concessão de crédito. Certamente isso atingiu as atividades mais ligadas ao crédito. Apenas os setores de super e hipermercados e de equipamentos e material para escritório, informática e comunicação tiveram aceleração nas venda em agosto. No caso de hipermercados, setor que responde por cerca de 45% do índice, Macedo explicou que houve recuperação das vendas por influência da queda da inflação. "Tivemos índices de inflação de alimentos em agosto já negativos, e isso melhorou o consumo." O economista ressaltou que o desemprenho de hiper e supermercados não deverá ser tão influenciado pela crise financeira, por ser um setor mais ligado à renda da população, que continua crescendo. Já os setores ligados ao crédito - como automotivo e material de construção - e à importação, atrelada ao dólar - como informática e eletroeletrônicos - deverão sentir ainda mais os efeitos do agravamento da crise. "Principalmente a parte de produtos ligados ao crédito e importados, que vão se tornar mais caros em função da taxa cambial, acredito que o quadro seja um pouco pior do que foi em agosto", afirmou. Segundo o IBGE, em agosto, as vendas do segmento veículos e motos, partes e peças caiu 3,7% em relação a julho; na comparação com agosto de 2007, houve alta de 2,9%. Em julho sobre julho, porém, a expansão havia sido de 24,8%. No setor de material de construção, as vendas caíram 1,6% sobre julho e subiram 2,4% em relação a agosto de 2007. Já o segmento de eletroeletrônicos desacelerou de 1,3% em julho para 1% em agosto. Sobre agosto de 2007, as vendas subiram 13,1%, após alta de 19,% de julho frente julho do ano passado.

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