Economia

Bovespa fecha em queda de 11,39%, aos 36.833 pontos

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postado em 15/10/2008 18:00
Um mês após a quebra do banco Lehman Brothers, evento que precipitou a piora da crise financeira, as Bolsas de Valores voltaram a ter um dia dramático. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) estendeu seu pregão por meia hora e amargou perdas de 11,39%, a maior queda desde 10 de setembro de 1998. Os mercados tiveram um alívio apenas momentâneo com as medidas trilionárias para resgatar o sistema financeiro. Hoje, o foco se concentrou sobre a "economia real": a perspectiva de que as economias centrais entrem em recessão, com repercussões sobre o restante do planeta. Na bolsa brasileira, as ações líderes, Vale e Petrobras, tiveram baixas na casa dos dois dígitos, de 15,16% e 12,08%, respectivamente. O giro financeiro foi de R$ 8,25 bilhões, inflado pelo vencimento de opções sobre índice (contratos que negociam direitos de compra ou venda de um ativo financeiro). Para o mercado brasileiro, o "contágio" ocorre por dois canais: primeiro, os investidores estrangeiros respondem por um terço das operações. Isso quer dizer que, se eles perdem em Wall Street, precisam fazer caixa em outra Bolsa. A Bolsa brasileira também sofre pela grande influência dos preços das commmodities (matérias-primas), num pregão em que as ações mais negociadas são ligadas ao setor de petróleo e gás, minério de ferro e siderúrgicas. Hoje, o barril de petróleo foi cotado a US$ 74,54 (Nova York) no menor nível desde 31 de agosto de 2007. "O desempenho da Bovespa não reflete o que o mundo pensa do Brasil. Os investidores só estão saindo daqui porque querem liquidez para enfrentar a crise", afirmou o chefe de assuntos políticos e econômicos do Consulado-Geral dos EUA em São Paulo, James Story. O dólar, um dos ativos mais sensíveis ao estresse dos mercados, oscilou entre a cotação máxima de R$ 2,200 e a mínima de R$ 2,082. E após três intervenções do Banco Central, a moeda americana encerrou o dia cotada a R$ 2,166, em alta de 3,48% sobre a cotação de ontem. "O Banco Central está usando tudo o que pode mas não está conseguindo segurar o dólar", comenta Vanderley Muniz, operador da corretora gaúcha de câmbio Onnix, que reconhece: "se o Banco Central não estivesse atuando, não dá para saber onde esse dólar poderia chegar". Profissionais de mercado apontam que as tesourarias de bancos aproveitam o estresse do cenário econômico para puxar os preços, abrindo a diferença cotações de venda e de compra. Um operador chega a dizer que mesmo a greve dos bancos têm contribuído para a ascenção das cotas. Com poucos funcionários, distribuídos por várias agências, os bancos têm feito "jogo duro" na negociação dos preços, queixam-se corretores. O quadro piora num momento de escassez de linhas para exportadores. Operadores aguardam iniciativas do governo no sentido de fornecer recursos para pequenos e médios empresários do comércio exterior.

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