postado em 15/10/2008 20:22
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que o governo poderá emprestar dinheiro para empresas que amargaram prejuízo em conseqüência dos efeitos da crise financeira nas Bolsas no Brasil, mas ressaltou que o socorro só poderá ser feito obedecendo as regras de mercado.
"Temos que avaliar que quem fez bobagem tem que arcar com os prejuízos. Essas empresas poderão tomar empréstimos até em bancos do governo, mas dentro das nomas, com as taxas normais. Ninguém vai dar dinheiro", disse o ministro. "Essas empresas podem fazer empréstimos com os bancos que elas se relacionam. Não vamos dizer aos bancos que dêem dinheiro às empresas", completou.
Ele citou o caso da Sadia como exemplo de empresa que ele acredita que não terá dificuldade para conseguir cerca de R$ 780 milhões em bancos para equilibrar suas contas e continuar funcionando. "Qual banco que não vai querer emprestar para a Sadia, que é uma potência? Mas isso será feito dentro das normas de mercado", disse o ministro. "A ajuda do governo será no sentido de fazer com que não falte crédito para as empresas", completou.
A posição do ministro vai ao encontro daquilo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já anunciou: o governo não vai ajudar diretamente as empresas que enfrentarem dificuldades por causa da crise. Na semana passada, a Sadia e a Aracruz Celulose foram criticadas pelo presidente Lula porque estavam "especulando" e por isso tiveram perdas com a valorização do dólar no mercado financeiro brasileiro. As duas empresas apostaram na cotação baixa do dólar e realizaram contratos futuros na expectativa de que a moeda norte-americana não se valorizasse no curto prazo. Se o dólar caísse abaixo do que foi contratado, as empresas obteriam lucro. A prática é conhecida como hedge. Mas, com a valorização do dólar diante do real, elas tiveram perdas nas operações, o que motivou a queda de suas ações.