Economia

Argentina teme desaceleração da economia brasileira

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postado em 15/10/2008 20:50
Os efeitos da crise financeira no Brasil começam a preocupar os argentinos. Principal parceiro comercial do país vizinho, o Brasil compra US$ 10 bilhões dos US$ 55 bilhões exportados anualmente pela Argentina. Por isso, um desaquecimento da economia brasileira pode representar queda nas compras de produtos argentinos. ;É de se esperar que a desaceleração das economias, derivada da crise internacional, impacte sobre a demanda de produtos. No caso argentino, especialmente sobre a demanda de produtos manufaturados por parte do Brasil. Apesar disso, deve-se evitar reações defensivas exageradas;, disse àAlberto Barbieri, decano da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Buenos Aires (UBA). O professor defende uma ação coordenada dos países do Mercosul, na busca de uma compreensão comum sobre a crise e seus eventuais efeitos na região ; o que, segundo ele, não foi feito em outros momentos importantes. ;A experiência prévia não é muito alentadora, uma vez que em casos críticos o bloco não levou em conta, em sua análise, o planejamento e implementação de medidas nacionais e sua repercussões regionais;, observa. Até o fim do mês, ministros de economia e chanceleres do Mercosul devem se reunir justamente para debater os efeitos da crise financeira internacional na região. Esta semana, circulou na imprensa a informação ; negada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega - de que Brasil e Argentina defenderiam a elevação da Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, a fim de evitar a enxurrada de produtos asiáticos não absorvidos pelos Estados Unidos e Europa. Hoje, o teto do imposto de importação aplicado sobre produtos estrangeiros que ingressam no bloco é 35%. Apesar do risco, Barbieri é contra a adoção de medidas radicais de defesa de mercados. ;A Tarifa Externa Comum expressa estratégias e políticas comerciais de longo prazo de nossas economias e, por isso, a modificação do esquema tributário do bloco reginal não é o melhor instrumento para enfrentar situações como a atual;, opina. O economista acredita que a economia argentina, hoje, tem pilares mais sólidos para enfrentar a crise internacional. Como exemplo, Barbieri cita os superávits externo e fiscal e o elevado nível de reservas internacionais. O fantasma da desaceleração econômica no Brasil e no resto do mundo parece ser o maior temor argentino neste momento. ;Os superávits comercial e fiscal dependem, em boa medida, dos preços interncionais das commodities agroindustriais. Além disso, verifica-se uma dependência muito maior do que no passado do nível das vendas externas;, ressalta o economista argentino.

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