postado em 16/10/2008 09:30
O dólar comercial é negociado a R$ 2,249 para venda, em forte alta de 3,83% sobre a cotação de ontem, já nas primeiras operações registradas nesta quinta-feira (16/10). O Banco Central, que tem agido agressivamente no mercado de câmbio, programou para hoje, às 11h, um leilão de venda de dólares, com um compromisso de recompra em 182 dias, no montante total de US$ 1 bilhão. Também está previsto um leilão de "swap" cambial, marcado para as 12h45.
Ontem, os mercados atravessaram um dia de pânico: enquanto a taxa de câmbio atingia rapidamente a casa dos R$ 2,20, a Bolsa brasileira voltou a interromper o pregão e, em seu pior momento, caiu 14,72%. Nos EUA, a Bolsa de Nova York registrou sua pior baixa num só dia dos últimos 21 anos.
Para analistas, as oscilações bruscas de ontem indicam que os investidores realmente começaram a embutir o preço de uma recessão global no valor das ações. Dados da economia dos EUA reforçaram a percepção de que a crise do setor financeiro já contaminou o lado "real" da economia - o setor produtivo e o consumo.
E que as medidas adotadas até agora pelos governos, tanto da Europa quanto dos EUA, não devem ser suficientes para evitar os danos sobre o crescimento econômico da crise de crédito que abala as Bolsas há meses.
Uma das notícias mais dramáticas da quarta-feira foi fornecida justamente por um dos principais indicadores da economia real: o famoso "Livro Bege", um sumário de dados macroeconômicos compilados pelos diretórios regionais do Federal Reserve, o banco central americano.
Esse documento revelou que, em todas as 12 regiões monitoradas pelo Fed, houve desaquecimento da economia. O desespero dos agentes financeiros tem se refletido diretamente sobre o dólar, que seguido rigorosamente as oscilações da Bolsa, mas em sentido inverso. Para analistas, a venda de ações de Bovespa por investidores estrangeiros, para cobrir perdas em outros mercados, também é um dos fatores que pressionam os preços da moeda americana.
Profissionais de corretoras, que evitam fazer projeções para o dólar, afirmam que a taxa de câmbio pode cair tão rapidamente quanto subiu, assim que o mercado estiver em situação mais calma.
A questão é que, mesmo os mais otimistas, acreditam que as medidas já anunciadas pelos governos, com injeção de mais de US$ 2 trilhões no sistema financeiro, somente devem começar a fazer efeito a partir de meados de novembro.