Economia

Crise ainda passa longe das grifes famosas

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postado em 20/10/2008 07:42
A crise financeira parece estar bem longe da população brasiliense, pelo menos da parcela mais abastada dela. Desde sexta-feira, cerca de 36 mil pessoas passaram pelos corredores do Bazar Extra Chique, uma espécie de ponta de estoque de diversas lojas de grife da cidade, no Gilberto Salomão, shopping do Lago Sul. Com 68 expositores, o local se transformou em uma feira organizada especialmente para um público que valoriza marcas. Os descontos chegavam a 70%, mas, mesmo assim, algumas peças ainda marcavam quatro dígitos na etiqueta, nada fora do normal quando se fala de produtos de luxo. ;A crise até vai interferir no mercado de luxo, fazendo as coisas ficarem mais caras, mas não em uma oportunidade como essa;, afirmou a estudante Renata Rosa, 23 anos. Para ela e a dentista Loyane Frânio, 26, pechinchas como as oferecidas no bazar não serão afetadas pelo estresse financeiro internacional. A gerente da marca carioca Farm, Joana Alves, concorda. Segundo ela, os efeitos da crise estão bem longe da grife, cuja banca teve de ser fechada várias vezes para controlar a entrada e saída de clientes. ;Oferecemos parcelamento de até cinco vezes no cheque, por isso ninguém menciona a crise;, revelou. A tirar pelo movimento de consumidores, 30% superior ao da edição passada realizada em abril, a retração econômica está muito distante do varejo local. Nancy Bragança, gerente dos estandes da Colcci e da Dopping, contou que teve de buscar reforço para os estoques porque o número de clientes superou todas as expectativas. ;Não acho que o agravamento da crise vá nos afetar porque o preço aqui é reduzido;, disse Rejane Castilho, uma das organizadoras do bazar. Karla Rosa, parceira de trabalho de Rejane, acredita que no próximo ano o provável desaquecimento econômico possa gerar algum impacto negativo nas vendas, mas nada muito grave. ;O nosso bazar já virou objeto de desejo para os clientes;, disse. De fato, para consumidoras como a estudante Camilla Faccin, 18, o local oferece boas chances de economizar. Ela só teme que a retração na economia atrapalhe até esse tipo de comércio. ;Pode ser que, com a crise, mercadorias importadas aumentem e os parcelamentos fiquem ainda mais caros;, alertou. O arquiteto Edmundo Lomba, 49, e o servidor público Edilson Rodrigues, 31, também temem que a crise atrapalhe o desempenho do país. ;Acho que tudo será afetado pelo menos um pouco;, previu Lomba. Mas enquanto os efeitos do caos financeiro não chegam fortemente ao Brasil, os dois vão aproveitar para viajar ao exterior. ;Se for para comprar, o momento é de comprar bem;, ensinou Rodrigues.

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