Economia

Mão-de-obra mais cara e leis trabalhistas pioram crise na China

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postado em 21/10/2008 10:35
A Feira de Cantão, que leva o antigo nome da cidade de Guangzhou, é o maior evento da indústria exportadora chinesa. Mais de 23 mil empresas mostram seus produtos para compradores do mundo inteiro, de móveis e calçados a eletrodomésticos e celulares. Pela primeira vez em anos, o número de compradores europeus e americanos presentes caiu consideravelmente, como reflexo da recessão nos países desenvolvidos, maiores compradores da China. Ainda que o gigante asiático tenha exportado US$ 666 bilhões no primeiro semestre, 21,9% a mais que no ano passado, o número mascara a inflação chinesa e a apreciação do yuan frente ao dólar. Com essas correções, o volume exportador caiu 0,5%. Deve cair mais em 2009, quando, em valores absolutos, deve crescer até 5%. Cerca de 10 mil fábricas fecharam as portas no último ano - entre elas, 3.361 fábricas de brinquedos. Outras 15 mil fábricas podem seguir o mesmo caminho até janeiro, segundo estimativa da Federação de Indústrias de Hong Kong. "A indústria exportadora já vinha perdendo sua competitividade há anos, mas agora piorou", disse a americana Alexandra Harney, ex-correspondente do diário Financial Times em Hong Kong. Além do custo de matérias primas, fretes e da apreciação da moeda chinesa frente ao dólar, a mão de obra chinesa se encareceu. Há 10 anos, o funcionário de linha de montagem ganhava US$ 50 dólares mensais. Hoje ganha US$ 150. "É uma mudança de geração. Há vinte anos, milhões de garotas migravam para o Sul, para trabalhar de domingo a domingo por 14 horas diárias, ganhando US$ 50. Com a política do filho único, há menos garotas nessa situação", diz. Avós e pais se tornaram mais zelosos com o único herdeiro. Menos gente imigra para Guangdong e os salários aumentaram. Lei trabalhista No início do ano, entrou em vigor uma nova lei trabalhista na China que regulamenta o pagamento de horas extras e finais de semana, o que reforçou a nova tendência. Na semana passada, uma fábrica de brinquedos com 6.500 funcionários fechou. É a quarta a fechar em uma semana. "Se piorar, terei que voltar para minha casa em Henan [interior da China]. Não posso voltar para lá pobre e derrotado", disse Song Xiaoguan, 25, operário da fábrica falida.

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