postado em 21/10/2008 15:52
O valor dos financiamentos liberados para agricultores nos meses de julho a setembro deste ano supera em 9,15% o volume de recursos referente ao mesmo período de 2007, de acordo com o diretor de Economia Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wilson Vaz de Araújo.
"Em 2007, nesses três meses foram R$ 14,2 bilhões financiados e, agora, estamos em R$ 15,5 bilhões. Do ponto de vista do crédito bancário, estamos numa situação superior", informou Araújo, acrescentando que o governo tem trabalhado para assegurar que os recursos liberados estejam disponíveis aos agricultores.
"Houve uma série de movimentos no sentido de garantir o plantio da safra que, na nossa leitura, está bastante seguro", disse o diretor.
O resultado é anterior ao estopim da crise financeira dos Estados Unidos, com a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers em meados de setembro.
O governo já liberou, por meio de recursos antecipados do Plano Safra 2008/2009 e da elevação da exigibilidade de aplicação dos bancos em crédito rural, cerca de R$ 10,5 bilhões. Apesar de o volume de recursos ser considerado suficiente por alguns especialistas, produtores de várias partes do país têm reclamado da dificuldade de acessar o crédito.
O aumento do valor emprestado, entretanto, não representa maior poder de investimento do agricultor. Os custos tiveram forte alta, impulsionados principalmente pelos preços dos fertilizantes, que nesta safra devem representar entre 30% e 50% dos custos de produção. Os fertilizantes chegaram a ter aumento de mais de 50% em relação ao ano passado.
Na avaliação do diretor de Economia Agrícola do ministério, ainda é cedo para dizer de quanto o setor ainda precisa. A greve dos bancários, há mais de duas semanas, é mais um fator que tem prejudicado o acesso ao crédito.
Crise
Nesta segunda-feira (20/10), o governo anunciou novas medidas de crédito para aliviar os efeitos da crise financeira internacional, com a liberação de mais recursos para o financiamento da safra 2008/2009 e para o setor de construção civil.
Na área rural, para onde o governo já direcionou R$ 5,5 bilhões através de liberações do depósito compulsório, agora também aumentará a porcentagem de recursos captados pela poupança rural para o financiamento de safra. Atualmente, 65% da captação tem essa finalidade e o governo pretende aumentá-la para 70%.
Esta medida, segundo o ministro Guido Mantega (Fazenda) pode injetar mais R$ 2,5 bilhões no financiamento da safra. "Não há motivo para redução da safra 2008/2009, exceto por fatores fora do controle, como questões climáticas ou falta de crédito que não conseguimos detectar", afirmou.