Economia

Bradesco compra R$ 3 bi em carteiras de crédito de 15 instituições

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postado em 27/10/2008 13:40
O Bradesco já recebeu a oferta de R$ 10,7 bilhões em carteira de créditos de 20 instituições financeiras desde a alteração do recolhimento compulsório dos bancos pelo Banco Central para estimular essa iniciativa. Segundo o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, o banco tem à disposição por conta de compulsórios R$ 6,2 bilhões, dos quais R$ 1,428 bilhão já foram liberados para nove instituições e outros R$ 1,587 bilhão devem ser encaminhados para outras seis entre hoje e amanhã. Segundo o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, estão em análise pelo Bradesco a aquisição de outros R$ 3,4 bilhões em carteira de crédito, sendo que R$ 7 bilhões já foram avaliados. Embora tenha descartado a aquisição integral de concorrentes, Cypriano reforçou a intenção do Bradesco em continuar com o processo de aquisição de carteiras, ainda que não na velocidade esperada. "Talvez as liberações não saiam na velocidade que as pessoas gostariam", disse Cypriano. Em coletiva de imprensa sobre os resultados do Bradesco no terceiro trimestre e nos nove primeiros meses deste ano, Cypriano louvou os esforços das autoridades monetárias brasileiras em capitalizar o sistema financeiro, especialmente os pequenos e médios bancos. "Apesar do cenário adverso, destaco o esforço das autoridades monetárias brasileiras para reduzir o contágio da crise financeira internacional", disse Cypriano. Derivativos Cypriano negou que o banco opere "derivativos exóticos", em referência a mecanismos que já causaram prejuízos a grandes empresas brasileiras, como Sadia, Aracruz e Votorantim, que anunciaram perdas na casa dos R$ 5 bilhões com as chamadas operações de "hedge" (proteção) cambial. O governo, porém, já estimou em torno de 200 as empresas que podem estar expostas a este tipo de ativo. Ele afirmou que o uso de derivativos cambiais ocorre apenas para proteger as operações da instituição no exterior (agências e subsidiarias) e para clientes que desejam administrar suas posições em moedas estrangeiras. Segundo os dados divulgados, o Bradesco tinha a receber, em 26 de outubro,o valor de R$ 973 milhões de 206 clientes que operam com o mecanismo. A pagar para 110 clientes, o banco tinha R$ 655 milhões. "Apesar do dinamismo da crise, continuamos otimistas em relação ao futuro. Pretendemos continuar investindo em melhorias no banco, em tecnologia e treinamento. O Brasil tem bancos sólidos, bem capitalizados, com regras rígidas", disse Cypriano. Ele também destacou que o Brasil conta com melhores fundamentos para enfrentar a crise financeira internacional, com o desemprego em queda, a renda em alta e a inflação com "sinais de retorno para níveis menores". Balanço O Bradesco informou hoje lucro de R$ 6,015 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, em alta de 3,4% sobre o mesmo período de 2007. No terceiro trimestre (julho a setembro), no entanto, o lucro do banco foi de R$ 1,910 bilhão, 4,59% abaixo dos R$ 2,002 bilhões no segundo trimestre deste ano. Com ajustes após despesas extraordinárias, o lucro do banco de janeiro a setembro ficou em R$ 5,819 bilhões, contra R$ 5,356 bilhões no mesmo trimestre do ano passado, na mesma comparação. O saldo da carteira de crédito do Bradesco para pessoas físicas cresceu 6,3% no trimestre e 29,3% nos últimos 12 meses. Os principais produtos responsáveis pela evolução do saldo da carteira no trimestre foram o leasing de veículos, crédito rural e financiamento imobiliário, enquanto nos últimos 12 meses, segundo o banco, os destaques foram os produtos direcionados ao financiamento de bens de consumo e crédito rural. No trimestre, o índice de inadimplência total apresentou estabilidade, apesar do ligeiro crescimento nas micro, pequenas e médias empresas, principalmente na modalidade de capital de giro. Em relação aos últimos 12 meses o índice total apresentou queda devido à redução no índice de inadimplência nas pessoas jurídicas. Os ativos totais em setembro de 2008 registraram saldo de R$ 422,706 bilhões, o que representa crescimento de 33,1% em relação ao mesmo período de 2007. O retorno anualizado sobre os ativos totais médios foi de 2,1%, enquanto no mesmo período do ano anterior chegou a 2,7%.

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