postado em 27/10/2008 14:10
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (27/10) que as pessoas devem levar "uma vida normal", apesar da crise financeira global. Segundo o ministro, se as pessoas se preocuparem, sem necessidade, sobre o assunto, aí sim que o Brasil terá problemas.
"Devemos procurar ter uma vida normal. Se todo mundo ficar preocupado e com medo, aí que você vai criar um problema econômico. Você vai deixar de consumir e deixar de comprar um carro ou uma casa e de fato vai reduzir o nível de atividade", disse o ministro após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em São Paulo, para discutir a crise.
Mantega deu o seu próprio exemplo ao dizer que está comprando uma casa nova. Porém, essa compra será apenas "com oito ou dez prestações".
Sobre o impacto da crise no país, o ministro disse que a situação continua a mesma em relação a semana passada. "Na esfera internacional, ainda não há uma melhoria expressiva no quadro. Embora os governos tenham tomado várias medidas, não se traduziram em uma irrigação de crédito para o setor produtivo", afirmou.
"Estamos preocupados com a irrigação de crédito do setor agrícola, de construção civil, do setor automotivo e de capital de giro de modo geral", afirmou.
Mantega disse ainda que o governo trabalha junto com os bancos, principalmente Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, para que o crédito chegue à mão desses setores.
Derivativos
Mantega rejeitou a tese de que o governo irá socorrer as empresas que tiverem perdas com apostas no mercado de derivativos cambiais.
"O governo não vai salvar nenhuma empresa porque são assuntos privados. As empresas que ousaram no mercado financeiro e no mercado futuro têm de pagar o preço de sua ousadia, e não será o governo que vai cobrir isso", afirmou.
Na opinião dele, a obrigação do governo nesse caso é garantir crédito e liquidez "a preços de mercado" para que as empresas continuem operando normalmente.
"É preciso que esse crédito chegue a essas empresas, afinal de contas estamos falando de empresas exportadoras que são sólidas", afirmou.
Mantega afirmou não acreditar que estas perdas com derivativos cambiais sejam muito grandes. "É um valor que pode ser absorvido pela economia brasileira com facilidade", afirmou.