Economia

Bovespa fecha em queda de 6,5%, aguardando Copom e Fed

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postado em 27/10/2008 18:44
Em um pregão bastante esvaziado, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) emendou seu quinto dia consecutivo de perdas, recuando para os mesmos níveis de 2005. Sob ameaça de uma recessão global, investidores optaram pela cautela, à espera do Comitê de Política Monetária (Copom) e Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), que decidem a política monetária do Brasil e dos EUA, na quarta-feira. O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, retrocedeu 6,50%, para os 29.435 pontos, o menor nível desde 28 de outubro de 2005. O giro financeiro é de R$ 3,24 bilhões, quase a metade da média do mês (R$ 5,51 bilhões). A Bolsa brasileira se ressente, principalmente, da ausência dos investidores estrangeiros, que continuam sacam recursos do mercado doméstico para cobrir perdas no exterior. Conforme dados da Bovespa, o saldo de investimentos externos deve ficar negativo pelo quinto mês consecutivo: até o dia 22, as vendas de ações superavam as compras em R$ 3,70 bilhões. E esse fluxo negativo ocorre apesar da Bovespa já ter perdido mais de 50% desde o início do ano, em reais, e mais de 60%, se a queda for calculada em dólar. "Vai demorar muito para a Bolsa subir de novo. Até o mercado assimilar essa recessão, vai demorar um tempo. O capital estrangeiro foi embora e sem dinheiro novo, essa Bolsa não sabe", nota Celso Yoshida, analista da corretora Solidez. Márcio Cardoso, diretor do mercado de ações da corretora Título, coloca que o alto grau de incerteza predominante explica o comportamento do investidor. "É muito preocupante quando você tem uma informação correta para decidir. Ninguém sabe a quanto vai estar o dólar no final do ano, quanto a taxa de juros vai subir, se vai ter acesso a crédito aqui ou lá fora", afirma. "É claro que a Bolsa a 29,4 mil pontos é "absurdo´, mas ainda não é possível saber se não vai cair mais", acrescenta. Analistas técnicos, que se baseiam em gráficos para fundamentar decisões de investimentos, apontam para o patamar de 29 mil pontos (para o Ibovespa) como um patamar que pode ser difícil de romper. "É como um ponto psicológico. O mercado deve fazer um teste nesse nível, e se não cair abaixo disso, pode haver espaço para alguma recuperação dos preços (das ações)", comenta Celso Yoshida, da Solidez. Dólar O dólar comercial foi cotado a R$ 2,244 para venda, o que representa um decréscimo de 3,56% sobre a cotação de ontem. A taxa de risco-país marca 607 pontos, número 6% abaixo da pontuação anterior. O Banco Central vendeu dólares no mercado à vista, no montante de US$ 1,25 bilhão, e colocou outros US$ 815 milhões em contratos de "swap" cambial, para deter a escalada do câmbio. No setor corporativo, o banco Bradesco divulgou lucro de R$ 1,910 bilhões no terceiro trimestre, um incremento de 3,2% sobre o resultado publicado em idêntico período em 2007. No acumulado de nove meses, a instituição financeira registrou um lucro de R$ 6,015 bilhões, um incremento de 3,4% sobre os ganhos de janeiro a setembro de 2007. O banco Itaú, a exemplo do Unibanco, fez uma divulgação prévia dos seus resultados do terceiro trimestre, nesta segunda-feira. O lucro trimestral foi de R$ 1,8 bilhão, abaixo do ganho de R$ 2,428 bilhões registrado no mesmo período em 2007. Casas nos EUA Entre outras notícias, as vendas de novas casas nos EUA tiveram um crescimento inesperado em setembro de 2,7%. Economistas do setor financeiro contavam com um declínio no período. No front doméstico, o Banco Central anunciou hoje mais uma mudança nas regras dos depósitos compulsórios recolhidos pelos bancos brasileiros, que pode injetar mais R$ 6 bilhões na economia.

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