Economia

Produtores nacionais querem medidas contra 'concorrência desleal' do alho chinês

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postado em 27/10/2008 19:57
Os produtores de alho brasileiros querem proteção do governo federal contra a importação do produto vindo da China e da Argentina. Nesta terça-feira (28/10), em audiência pública na Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, eles devem pedir a restrição de quantidade do alimento proveniente de fora que entra no país e a criação de um selo de qualidade. De acordo com Rafael Corsino, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), tanto o alho chinês quanto o argentino fazem concorrência desleal ao que é cultivado no Brasil. O primeiro, porque os importadores fariam constantemente manobras para burlar a taxa antidumping sobre o produto instituída pelo governo em 1998, de US$ 5,2 mais impostos por caixa de alho vindo da China. O segundo, porque teria baixa qualidade e puxaria o valor de mercado do item para baixo no Brasil, além de entrar no país sem taxação, por força de tratado entre os países integrantes do Mercosul. "Com a Argentina, por ser signatária do Mercosul, não há possibilidade de restrição da quantidade de alho que entra, nem de taxa sobre o produto, mas a nossa intenção é discutir com o governo deles a criação de um selo de qualidade. Até já há entendimentos entabulados para isso", diz Corsino. Já para o alho vindo da China, os produtores ligados à Anapa querem mesmo a restrição da quantidade do produto que entra no país. "Constatou-se a prática de dumping por parte dos produtores chineses, criou-se a taxa, mas ela não é cumprida. Cinco ou seis importadores que têm a maior fatia do mercado estão com liminares", afirma. De acordo com Rafael Corsino, há 20 anos 90% do alho consumido no Brasil era plantado no próprio país. Atualmente, a quantidade teria caído para 25%. O presidente da Anapa acrescenta que, com a disparada recente do dólar, aumentou o custo de importação do produto o que beneficiou os plantadores nacionais. "Mas ainda assim temos prejuízo", queixa-se. Ele diz ainda que, em 2003, o Brasil importou 3 milhões de caixas de alho chinês, de 10 kg cada. Entre 2006 e 2007 a importação teria duplicado, passando para 6 milhões de caixas. Devem participar da audiência pública com os produtores de alho na Câmara amanhã representantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; da Frente Parlamentar da Agropecuária; da Administração Aduaneira da Receita Federal e do Ministério da Agricultura.

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