postado em 28/10/2008 09:39
A crise financeira internacional já bateu às portas das classes C e D, que começaram a cortar itens de suas cestas de consumo (inclusive alimentos) e mostrar preocupação com uma inflação maior e um crescimento menor da economia. É o que mostra pesquisa realizada pelo Ibope em cinco capitais e no Distrito Federal.
Dos 400 entrevistados entre 7 e 9 de outubro, 26% dizem que reduziram as compras de alimentos da cesta básica. Outros 24% deixaram de gastar com lazer. Também houve corte no consumo de artigos de vestuário (19% dos pesquisados) e atraso no pagamento de prestações (20%).
Segundo o Ibope, essas foram as reações das classes C e D à crise, já de conhecimento de 69% dos entrevistados - que dizem ainda que ela já afeta o seu dia-a-dia. Para 49% dos ouvidos, a crise vai ter impacto no Brasil, apesar de a economia estar sólida. "O brasileiro dessas classes tem uma memória de crise. Sabem exatamente quanto pagam e quanto podem consumir. Qualquer aumento de preço, é percebido imediatamente, ainda mais num cenário de crise", diz Hélio Gastaldi, diretor de Planejamento do Ibope.
Os consumidores revelaram ainda que a volta da inflação de um modo geral - apontada por 35% dos entrevistados - e especialmente o aumento do preço dos alimentos (30%) são os principais temores causados pela crise.
As classes C e D têm receio ainda de um crescimento mais lento da economia, possível impacto da crise citado por 56% dos entrevistados.
Encomendada pela agência de publicidade 141 SoHo Square, uma das três que atendem à Secretária de Comunicação da Presidência da República (Secom), a pesquisa traz uma má notícia para o comércio: 45% dos entrevistados esperam um Natal com menos compras. A agência apresentou os resultados à Secom. Apesar de estar tomando providências para se defender da crise, o brasileiro das classes C e D, diz Gastaldi, ainda mantém a confiança no governo e na melhora de vida no futuro. "A expectativa é de uma crise passageira. É um problema mais imediato."
Dos entrevistados, 43% dizem que o governo está preparado para enfrentar a crise, mas terá dificuldades para resolver a situação. Já 16% afirmam que o governo está bastante preparado e conseguirá vencer a crise. Tal perspectiva levou 42% a concluírem que a sua vida continuará melhorando.
"Em outras crises, os efeitos eram mais extensos. A pesquisa mostrou ainda um enorme grau de informação sobre o tema e de percepção da gravidade já naquele período, embora o discurso inicial do governo fosse de que o país não seria contaminado", diz Gastaldi.