Economia

Empresários: governo ajudou banco, mas esqueceu indústrias

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postado em 28/10/2008 16:56
O empresário Jorge Gerdau Johannpeter disse nesta terça -feira que o governo está demorando para fazer com que dinheiro liberado para os bancos chegue às empresas. Segundo ele, é importante ajudar o sistema financeiro, mas a produção e o consumo também precisam ser "irrigados". "Se demorar muito esse processo do dinheiro chegar na base da produção, cria-se uma psicologia de crise. Na pequena empresa, esse problema é muito delicado", afirmou durante evento realizado hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O empresário se referia ao fato de os bancos estarem segurando o crédito mesmo após o Banco Central ter anunciado a liberação de cerca de R$ 100 bilhões dos compulsórios, o dinheiro dos correntistas que os bancos são obrigados a manter parado no BC. Gerdau disse também que há atraso nos investimentos públicos em infra-estrutura e que o governo precisa reduzir custos para garantir que a economia continue crescendo nesse momento de crise. "Querendo ou não, mesmo com as mudanças que houve com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), nós estamos com os investimentos públicos em infra-estrutura tremendamente atrasados. O governo tem de dar o sinal para acelerar os investimentos", afirmou. "Tem de ter coragem de se fazer cortes para que se faça investimentos." O economista Carlos Langoni, que também participou do evento da CNI, disse que o governo se preparou apenas parcialmente para enfrentar a crise, pois não foram feitas reformas que permitam aumentar os investimentos estatais para que o país cresça mais no próximo ano. "Nós construímos um colchão de reservas internacionais, mas não construímos um colchão fiscal. O governo não tem recursos fiscais para evitar uma desaceleração da economia no Brasil." Empréstimo aos bancos. O presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, também afirmou que o governo está priorizando os bancos ao invés do setor industrial. "Você libera os compulsórios, mas decisão de emprestar é dos bancos", afirmou. Ele defendeu o aumento no prazo de recolhimento de impostos para aliviar o caixa das médias e pequenas empresas, medida que está em estudo no governo, segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Você pode injetar mais recursos na economia dando mais prazo para as empresas recolherem impostos. As condições de liquidez exigem uma decisão imediata", afirmou.

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