postado em 29/10/2008 20:06
Servidores da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), antiga Radiobras, entraram em greve nesta quarta-feira (29/10) em protesto contra os baixos salários e o plano de carreira anunciado pela empresa. É a primeira vez na história que servidores da EBC paralisam as atividades e interrompem parcialmente os serviços prestados pela empresa - como a Voz do Brasil e as notícias veiculadas pela Agência Brasil.
Segundo fontes, o programa Voz do Brasil, embora tenha entrado no ar normalmente esta noite, foi montado por poucos funcionários que ocupam cargos de comissão na empresa. A estratégia dos produtores do programa foi utilizar reportagens produzidas previamente pelos repórteres, que ainda não haviam sido veiculadas, para evitar a interrupção da primeira meia hora da Voz do Brasil.
As notícias da Agência Brasil também foram produzidas por servidores com cargos de comissão e estagiários, que não aderiram à greve. Servidores da empresa, que não quiseram se identificar, reclamam que a transformação da Radiobrás em EBC permitiu que um pequeno grupo de novos servidores fosse contratado com altos salários, enquanto os que integram o quadro funcional da empresa mantiveram os seus rendimentos.
Reunidos em assembléia esta tarde, os servidores rejeitaram a proposta da empresa de manter o abono salarial aos funcionários, além do reajuste de 7,1% nos salários previstos no plano de carreira. A greve será mantida até esta quinta (30/09), quando os funcionários voltam a se reunir em assembléia às 13 horas para discutir a paralisação.
Outro lado
Em comunicado oficial, a direção da EBC considerou a greve irregular porque "descumpre a legislação em vigor e o rito legal" - uma vez que a negociação com os servidores estava em curso. Os diretores da ECB consideram que houve "intransigência e incompreensão" dos servidores diante das propostas apresentadas pela empresa.
No comunicado, a direção assegura que todos os servidores terão reposição salarial de 7,1% no plano de carreira, além de outros benefícios previstos no plano - que segundo a empresa permitem o incremento de até 42% nos pisos salariais. A EBC afirma que, se a greve for mantida, a empresa não manterá a proposta de prorrogação do contrato coletivo em vigor por mais 30 dias.
Além disso, a empresa afirma que a "persistência da greve compromete as negociações e a própria implantação do plano de carreiras, com prejuízos para toda a coletividade da EBC, no momento em que o sistema público de comunicação começa a se consolidar".
A direção da EBC afirma que espera uma "reconsideração para que as negociações prossigam nas próximas horas e seja possível concluir o acordo que já estava em curso, com avanços e garantias que iam ao encontro das reivindicações".
A EBC foi criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no ano passado, para gerir a TV Brasil (TV pública), emissoras de rádio, TV e a agência de notícias da antiga Radiobrás e da TVE. O governo criou a EBC como uma empresa independente em relação ao governo federal na prestação de serviços de radiodifusão.
O ex-âncora Luiz Lobo, jornalista que trabalhava na TV Brasil, disse que foi demitido depois de criticar a emissora por produzir supostamente um jornalismo favorável ao governo.