postado em 30/10/2008 11:55
O ministro Guido Mantega (Fazenda) disse nesta quinta-feira (30/10) que já vê sinais de que o pior da crise internacional de crédito pode ter passado. Por duas vezes, no entanto, o ministro afirmou não ter certeza sobre esse diagnóstico e traçou um cenário ruim para a economia nos próximos meses.
"Podemos estar entrando em uma fase mais amena da crise. Os estados todos se mobilizaram e tomaram medidas de grande impacto que conseguiram abrandar a crise e restabelecer a confiança. São sinais. Não tenho certeza de que a fase aguda foi ultrapassada", afirmou.
Em audiência pública na CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado, Mantega citou a queda na taxa de juros internacional para empréstimos entre bancos como um desses sinais. Para ele, isso significa que os bancos voltaram a ter confiança em emprestar dinheiro uns aos outros e, conseqüentemente, para as empresas, destravando o crédito mundial.
Apesar desse recuo nos juros externos, o ministro fez previsões negativas para a economia mundial. "O cenário para os próximos meses é de juros mais altos, crédito mais restrito e desaceleração econômica", afirmou. "Ninguém escapa dessa crise."
Impactos no Brasil
O ministro da Fazenda voltou a afirmar que essa é uma crise que afeta praticamente todos os países, apesar de ser menos grave nos países emergentes que possuem fundamentos econômicos mais sólidos e bancos que não possuem tantos créditos podres, como nos EUA e Europa.
Mantega listou os efeitos da crise no Brasil, com o encarecimento do crédito para o setor produtivo e as perdas patrimoniais no mercado financeiro (Bolsas e derivativos). Disse também que o governo já tomou uma série de medidas para resolver esses problemas, entre elas, a liberação do compulsório dos bancos e os leilões de dólares do BC.
"Estamos conseguindo dar liquidez ao sistema bancário. O sistema bancário já está respirando mais." Nesse ponto, o ministro se referiu novamente ao BC para dizer que os dólares comprados a uma cotação de até R$ 1,60 e vendidos agora a mais de R$ 2,20 devem gerar um lucro elevado para a instituição.
"O BC não estava fazendo nenhum favor ao setor privado, estava realizando lucro. O lucro no BC nesse semestre será elevado", afirmou.