postado em 30/10/2008 15:14
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta quinta-feira (30/10) que as empresas exportadoras que apostaram na desvalorização do real ante o dólar e tiveram prejuízos não terão privilégios por parte do governo.
O ministro citou nominalmente os casos das empresas Sadia, Aracruz e Votorantim, que anunciaram publicamente essas perdas.
"Essas empresas fizeram apostas. Elas foram além dessa margem. O empresário tem todo o direito de fazer isso. Mas depois ele paga o prejuízo. Nesse caso, eles quebraram a cara, porque tiveram prejuízos", afirmou Mantega durante audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Para o ministro, esses prejuízos serão superados por essas empresas mesmo sem a ajuda do governo.
"Eles estão resolvendo de forma ordenada os seus problemas. O que nós não podemos é dar qualquer privilégio a essas empresas. São empresas sólidas que podem liquidar esse prejuízo e ir tocando a sua vida." Mais cedo, no Rio, o diretor de Planejamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), João Carlos Ferraz, não descartou a possibilidade de o banco antecipar desembolsos para empresas que registraram perdas com derivativos cambiais.
Prejuízos
Ontem, a Sadia anunciou um prejuízo de R$ 777,4 milhões no terceiro trimestre provocado pelos investimentos da empresa em derivativos cambiais e aplicação em instituições americanas que apontaram prejuízo com a crise econômica global. A empresa já havia informado anteriormente que registrava perdas em função da crise. No acumulado do ano, o prejuízo é de e de R$ 442,6 milhões.
A maior companhia de papel e celulose do país, a Aracruz, também fez operações de derivativos para proteção contra a desvalorização do dólar para suas exportações. Porém, o tamanho das operações superou a necessidade da companhia e não oferecia qualquer proteção contra a desvalorização do real, como ocorre agora.
O prejuízo da empresa mensurado por uma consultoria foi de R$ 1,95 bilhão até o dia 30 de setembro. A Votorantim também divulgou perdas, e o governo federal estima que entre 200 e 250 empresas se encontram, em maior ou menor grau, na mesma situação.