postado em 31/10/2008 09:06
A Bolsa de Tóquio (Japão) fechou com forte queda após o corte de juros promovido pelo BoJ (Banco do Japão, o BC japonês). Os investidores esperavam a medida, mas ela veio abaixo do esperado, segundo analistas. O banco reduziu de 0,50% para 0,30% sua taxa de juros.
Após a decisão, o mercado afundou 5,01% e encerrou o pior mês da história da Bolsa japonesa. Em outubro, a Bolsa acumulou uma queda de 24%, a maior desde 1950, segundo a agência Thomsom Reuters.
Os analistas apostavam um corte das taxas de juros esta semana no Japão, depois da forte volatilidade da Bolsa de Tóquio. A decisão foi recebida positivamente pelo governo japonês, segundo a agência Kyodo.
"Não é surpresa ver o Nikkei [índice que mede os negócios em Tóquio] cair após três dias de alta, já que, depois, os investidores vão ver que nada mudou de verdade", afirmou Yoshinori Nagano, da Daiwa Asset Management.
"As compras pararam alguns minutos antes do fechamento devido ao feriado que teremos e porque não sabemos como os mercados ficarão na segunda", afirmou Masaru Hamasaki, da Toyota Asset Management. Na segunda-feira (3/11) a Bolsa de Tóquio permanecerá fechada.
As demais Bolsas da Ásia mantiveram tendências variadas com o ânimo de parte dos investidores com o fato de o Produto Interno Bruto (PIB) americano ter recuado menos que o esperado pelos analistas. A Austrália subiu 0,64%; a Coréia do Sul, 2,61%; e a Indonésia, 5,66%; enquanto a China recuou 1,97% e Hong Kong, 2,52%.
Nos EUA, a retração menor que a esperada do PIB animou os investidores. O Dow Jones Industrial Average (DJIA), principal índice da Bolsa de Nova York, avançou 2,11%, aos 9.180,69 pontos. O índice tecnológico Nasdaq ganhou 2,49%, para 1.698,52 pontos e o S 500, 2,58%, para 954,09 pontos.
A Casa Branca reconheceu que os dados negativos refletem as dificuldades da economia americana, mas garantiu que a administração está trabalhando para retomar o crescimento e a criação de empregados daqui aos primeiros meses de 2009. "Os dados do PIB publicados hoje são fracos, mas não são inesperados", disse a porta-voz da Casa Branca, Dana Perino.
Cortes de juros
O Federal Reserve (Fed, o BC americano) decidiu nesta quarta-feira (29/10) reduzir sua taxa de juros para 1% ao ano, nível visto pela última vez em maio de 2004. O banco já havia reduzido no último dia 8 de 2% para 1,5%, em uma medida emergencial, em coordenação com outros BCs, para conter o avanço da crise financeira. Com juros menores, o custo de empréstimos pode também ficar menor e o crédito poderia ir aos poucos voltando ao normal.
No Brasil, os efeitos da crise internacional de crédito levaram o Comitê de Política Econômica do Banco Central (Copom) a manter a taxa básica de juros inalterada em 13,75% ao ano.
"Avaliando o cenários prospectivo e o balanço de riscos para a inflação, em ambiente de maior incerteza, o Copom decidiu por unanimidade, neste momento, manter a taxa Selic em 13,75% ao ano, sem viés", afirmou o comitê em nota após a reunião.
A taxa Selic vinha subindo desde abril. Desde então, foram quatro altas seguidas que elevaram os juros de 11,25% ao ano para o patamar atual.