postado em 31/10/2008 12:15
A disparada do dólar no mês de setembro reduziu o pagamento de juros do setor público ao menor nível registrado desde setembro de 2001. Segundo dados do Banco Central, os juros pagos pelo setor público (União, Estados e municípios) caíram de R$ 12,5 bilhões em agosto para R$ 6,142 bilhões em setembro.
Esse é o melhor resultado desde o mês em que os atentados de 11 de Setembro provocaram uma disparada do dólar. Na época, no entanto, a alta do dólar trazia prejuízos às contas públicas, ao invés de ganhos.
Parte dessa queda nos juros se deve ao ganho de R$ 6,5 bilhões que BC teve com contratos de swap cambial reverso. Nesses títulos, o BC recebe a variação do câmbio e paga juros.
Com a queda no pagamento de juros, a economia da União, dos Estados e dos municípios para pagar os juros da dívida, o chamado superávit primário, deixou as contas do setor público superavitárias em setembro.
No mês passado, o superávit primário ficou em R$ 10 bilhões. Descontados os juros pagos, foi registrado um superávit nominal de R$ 3,863 bilhões, o primeiro resultado positivo desde abril deste ano. Ou seja, a economia foi suficiente para pagar os juros da dívida e ainda sobraram recursos.
Em setebro, o governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) teve um superávit de R$ 5,173 bilhões. As estatais economizaram R$ 3,242 bilhões. Estados e municípios deram uma contribuição de R$ 1,59 bilhão.
Recorde
A economia da União, dos Estados e dos municípios também bateu novo recorde nos primeiros nove meses do ano. O superávit primário acumulado entre janeiro e setembro ficou em R$ 118,4 bilhões, o equivalente a 5,59% do Produto Interno Bruto (PIB) do período, segundo dados do Banco Central.
Desde agosto, o número já havia superado a economia feita durante todo o ano de 2007, que foi de R$ 101,6 bilhões.
Nos nove primeiros meses de 2008, o pagamento de juros foi de R$ 125,472 bilhões. Descontado o superávit primário de R$ 118,4 bilhões, houve um déficit de R$ 7,058 bilhões nas contas públicas, equivalente a 0,33% do PIB.
Em relação ao PIB, esse é o melhor resultado da série histórica iniciada em 1991 para o período janeiro-setembro. Em 12 meses, o déficit nominal de 1,32% do PIB também é o menor já registrado no período.
Com isso, o governo fica próximo novamente de zerar o déficit nas contas públicas.
Meta
A meta de superávit primário para o ano é de 3,8% do PIB, mais R$ 14,2 bilhões (0,5% do PIB) para o Fundo Soberano do Brasil, totalizando 4,3% do PIB. Nos últimos 12 meses, o governo fez um superávit de R$ 128,8 bilhões (4,6% do PIB). A arrecadação de impostos e contribuições acima do previsto pelo governo é a principal responsável pelo aumento do superávit primário neste ano em relação ao mesmo período de 2007.
No ano, o governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) teve um superávit de R$ 80,877 bilhões. As estatais economizaram R$ 26,121 bilhões. Estados e municípios deram uma contribuição de R$ 11,416 bilhões.