postado em 04/11/2008 10:53
O índice de desemprego na Espanha registrou uma forte alta de 7,3% em outubro, na comparação com o mês anterior, de acordo com informações do Ministério do Trabalho. Em outubro, 192.658 pessoas perderam o emprego, e o total de desempregados se aproxima de 3 milhões (2.818.026), em um país com 46 milhões de habitantes. Nos últimos 12 meses, 770.000 pessoas ficaram sem trabalho (alta de 37,5% sobre o período anterior) na Espanha.
Nesta segunda-feira (3/11), o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou medidas para atenuar os efeitos da crise sobre as famílias com mais dificuldades, que incluem moratória de até dois anos para o pagamento de 50% das cotas hipotecárias de desempregados, e para a criação de empregos no país.
A medida é anunciada após a economia da Espanha ter entrado em uma recessão que durará até o início de 2009 e terá custo elevado em matéria de trabalho (o desemprego chegará a 15,5% em 2010) e déficit público, segundo previsões anunciadas pela Comissão Européia (CE, órgão executivo da União Européia).
A CE situa a Espanha como um dos países europeus mais castigados pela combinação da crise financeira, a forte desaceleração do setor imobiliário e o desequilíbrio derivado do vultoso déficit exterior.
O governo espanhol também anunciou medidas para favorecer a criação de empregos que contemplarão, entre outros benefícios, bonificações de 1,5 mil euros às empresas que contratarem pessoas desempregadas com gastos familiares.
Também serão beneficiadas as companhias que fizerem contratos de permanência em setores estratégicos, entre os quais Zapatero citou as de energias renováveis e de setores vinculados à pesquisa.
No caso da moratória de hipotecas, sua duração será de dois anos, de 1° de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2010, e afetará às de valores inferiores a 170 mil euros e também incluirão os empresários autônomos que foram obrigados a fechar seus negócios. Segundo Zapatero, 500 mil pessoas poderiam se beneficiar com esta medida, já que se calcula que a hipoteca média na Espanha é de 137 mil euros.
Também serão adotadas outras medidas de caráter fiscal que favorecerão as pessoas que estejam pagando seus imóveis e as poupanças com tributação especial destinadas à compra da primeira casa.
Zapatero afirmou isto em um momento no qual a crise começa a fazer notar suas conseqüências sobre setores vitais da economia espanhola, como o da construção e o de automóveis, com um grande aumento no número de desempregados.
A construção, que foi o motor da economia na Espanha nos últimos anos, sofre uma grande desaceleração, o que está provocando uma queda nas vendas de casas e conseguintes repercussões sobre o emprego. O setor emprega um grande número de imigrantes no país.
No caso do setor automobilístico, foram divulgados hoje os últimos números que mostram queda de 40% nas vendas de carros de passeio e veículos com trações nas quatro rodas em outubro. Vários fabricantes do setor, como as multinacionais Ford, Nissan e General Motors, anunciaram recentemente na Espanha demissões, o que afetará milhares de pessoas.