Economia

Internacionalização de Itaú e Unibanco não seria possível sem fusão, diz Salles

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postado em 04/11/2008 14:21
O presidente do Unibanco, Pedro Moreira Salles, afirmou nesta terça-feira (4/11)que os processos de internacionalização do seu banco e do Itaú não seriam possíveis sem uma fusão dos dois, o que foi anunciado ontem. Para ele, a união dos dois gigantes do setor bancário brasileiro gera um "conforto" que permitirá a conquista de mercados no exterior. "Tendo essa capacidade no mercado local, podemos olhar pra fora com muito mais conforto e segurança. Nos permitirá ambicionar coisas que sozinhos não poderíamos fazer", disse o banqueiro em teleconferência com analistas de mercado para explicar a fusão entre os bancos, que será o maior do Hemisfério Sul. "A aglomeração de talentos [da nova companhia] é algo inusitado e nosso sistema bancário é desenvolvido. Eu achava estranho não existir uma multinacional brasileira do setor. Agora há uma oportunidade real de fazê-la." Assim como fez ontem, Salles e o presidente do Itaú, Roberto Setubal, confirmaram que o primeiro passo para esse processo de internacionalização será a América Latina, onde já possuem participação de mercado em alguns países. Segundo Setubal, os mercados que mais interessam a princípio são o Chile - onde já está, mas com pouca presença -, Colômbia e México. Segundo cálculos dos dois bancos, o valor de mercado da nova companhia seria hoje de US$ 44,9 bilhões, o que daria o posto de 16° maior banco do mundo. O líder nesse ranking é o chinês ICBC (Banco Industrial e Comercial da China), com valor de US$ 176,36 bilhões, seguido pelo americano JP Morgan Chase (US$ 151,8 bilhões) e pelo inglês HSBC (US$ 146,88 bilhões). O brasileiro mais próximo seria o Bradesco, em 21°, com valor de US$ 34,12 bilhões. Sinergias Os dois banqueiros evitaram novamente darem detalhes sobre onde pretendem obter sinergias, nem quanto será gerado de ganho com essas medidas. Porém, hoje deram maiores pistas. "Realmente não fizemos contas de sinergias. É uma operação complexa e grande, queremos fazer [as contas] com bastante cuidado", disse Setubal. "Mas sem dúvida há um potencial importante que iremos buscar." Setubal citou como possíveis pontos de obtenção de sinergias a área de receitas - através da venda de produtos específicos dos bancos para os clientes que são do outro - e na área de computação, onde pode-se otimizar a utilização das centrais de processamento de dados e economizar na compra de sistemas e pagamentos de royalties de uso. Já Salles lembrou que o Itaú possui um "ótimo relacionamento" com não-clientes - pessoas que possuem produtos do banco mas não são correntistas -, enquanto o Unibanco possui uma larga base de não-clientes obtidos principalmente através dos cartões de crédito e de "private label" (cartões de loja). Segundo o diretor de relações com investidores do Itaú, Alfredo Setubal, se a nova companhia obtivesse sinergias de R$ 142 milhões já renderia ao acionista do Itaú um lucro por ação igual ao que teria se não ocorresse a fusão. "É um valor baixo, podemos fazer mais que isso", afirmou. Mas esse ganho não será feito com fechamento de agências, garantiram novamente os banqueiros dos dois bancos. "Estamos fazendo esse negócio com interesse em crescer. As agências são rentáveis e cheias de clientes, e não há motivo para fechar. Uma das coisas que me arrependo na compra do Nacional em 1995 foi ter fechado agências, já que não conseguimos transferir integralmente os clientes", explicou Salles.

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