Economia

Divergências levam UE a reduzir ambições sobre reforma financeira

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postado em 04/11/2008 20:20
A União Européia (UE) está reduzindo suas ambições sobre o alcance da reforma do sistema financeiro internacional, após constatar que não são todos os Estados-membros que apóiam a proposta francesa, centrada no aumento da regulação. Os ministros das Finanças da UE (Ecofin) dedicaram esta terça-feira (3/11) à reunião mensal para preparar a contribuição européia à cúpula internacional que deve começar a definir novas regras de funcionamento para o sistema financeiro no próximo dia 15, em Washington. A ministra de Finanças francesa, Christine Lagarde, cujo país preside este semestre a UE, afirmou que o documento apresentado pela França suscitou "em geral, consenso", mas durante a discussão ficaram claros os receios de vários países frente à possibilidade de cair em um excesso de regulação. Fontes da UE disseram que a Presidência francesa deve optar por encurtar o texto e torná-lo mais geral para contentar todos os países. Para a reunião de Washington, foi convocado o G20, que reúne os países mais industrializados do mundo e os principais emergentes, incluindo o Brasil. Em sua proposta, a França quer aumentar a vigilância do sistema financeiro, garantindo que não há nenhuma instituição financeira, nem instrumentos de investimento nem territórios isentos de regulação; melhorar o controle dos riscos; reforçar a cooperação além da fronteira entre supervisores; e reformar o FMI. O documento também propõe estabelecer um mecanismo de alerta diante as ameaças à estabilidade do sistema financeiro, baseado na contínua troca de informação entre FMI, supervisores, bancos centrais e reguladores. Embora a maioria dos ministros tenha qualificado as idéias francesas de "boa base para a discussão", algumas divergências também ficaram evidentes. O vice-presidente espanhol, Pedro Solbes, deixou claro que apóia o aumento da transparência no sistema financeiro, a obrigação por parte das entidades de cobrir adequadamente seus riscos e a adoção de mudanças no governo corporativo para recuperar a confiança. No entanto, se mostrou menos convencido da necessidade de estender a regulação a todos os mecanismos de investimento e considerou que é preciso deixar margem às entidades para seguir efetuando operações fora de seus balanços. A delegação alemã é contra o pedido da UE por "uma resposta internacional coordenada aos desafios macroeconômicos futuros", temerosa de que se possa concluir dessa redação a aposta por um governo econômico europeu. No entanto, todos concordaram que o FMI deve desempenhar um papel muito relevante no controle das finanças mundiais e que, para isso, é essencial uma reforma da instituição. Os membros da UE também concordam que convém reforçar o papel do Fórum de Estabilidade Financeira --um órgão com sede na Suíça integrado por banqueiros e reguladores de países ricos-- e ampliar a relação de países representados nele. Os líderes da UE realizarão na próxima sexta-feira um encontro extra-oficial em Bruxelas para ultimar a posição européia na reunião de Washington.

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