Jornal Correio Braziliense

Economia

Após recuperação efêmera, Bovespa fecha em forte queda de 6,13%

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A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve fortes perdas na jornada desta quarta-feira (5/11), acompanhando a derrocada das principais Bolsas mundiais. A "euforia" pré-eleitoral de ontem deu lugar ao tema corrente dos mercados: os desdobramentos da crise financeira sobre a "economia real" (setor produtivo e consumo). Hoje, os investidores digeriram uma bateria de balanços de empresas importantes, tanto no front externo quanto doméstico. O termômetro da Bolsa, o Ibovespa, retraiu 6,13% no fechamento e bateu os 37.785 pontos. O giro financeiro foi de R$ 4,53 bilhões. Além das habituais ações líderes (Vale e Petrobras), os papéis do setor bancário continuam a chamar a atenção dos investidores. Hoje, a ação do Itaú foi o terceiro ativo mais negociado, registrando desvalorização de 8,76%. A "unit" (recibo de ações) do Unibanco caiu 10,90%. Anteontem, os dois bancos anunciaram a fusão de suas operações. A ação do rival Bradesco cedeu 7,55% O dólar comercial foi cotado a R$ 2,119 para venda, em alta de 0,33%. A taxa de risco-país marca R$ 2,250, com avanço de 0,89%. O Banco Central realizou um leilão de "swap" cambial, em que os agentes financeiros tomaram US$ 475,6 milhões desses contratos, que oferecem proteção contra oscilações do câmbio. A autoridade monetária também voltou a oferecer moeda para bancos - no montante de US$ 2 bilhões - com o compromisso de que as instituições financeiras usem os recursos em financiamentos de comércio exterior. O BC ofereceu US$ 2 bilhões e aceitou 18 propostas dos bancos, no montante de US$ 1,453 bilhão. "É um momento de calmaria muito relativo [no câmbio], que se deve somente porque o Banco Central entrado diariamente para criar condições de liquidez. Se não fosse o BC, essa cotação estava mais alta", comenta Cristiano Zanuzo, diretor de câmbio da corretora Renova. "Realmente, tudo o que já foi feito até agora (pelos bancos centrais) ajudou bastante, mas não resolveu os problemas por conta dessa crise", acrescenta. As bolsas européias concluíram os negócios em terreno negativo, a exemplo de Londres (baixa de 2,34%) e Frankfurt (recuo de 2,10%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York perde 4,50%, ainda em operação. Empresas Entre as principais notícias do dia, a TIM Participações anunciou um lucro líquido de R$ 22,5 milhões no terceiro trimestre ante um prejuízo de R$126,9 milhões no terceiro trimestre de 2007 e de R$ 34,1 milhões no segundo trimestre deste ano. A ação da holding perdeu 8,25%. O câmbio fez mais uma "vítima" entre as empresas brasileiras, após as perdas bilionárias da Sadia e Aracruz. A Braskem apurou prejuízo de líquido de R$ 849 milhões no terceiro trimestre deste ano, ante um lucro de R$ 132 milhões em idêntico período em 2007. Segundo a Braskem, o balanço teve um impacto cambial de R$ 1,351 bilhão no terceiro trimestre. A ação da gigante do setor petroquímico sofreu baixa de 6,40%. Já a Gerdau registrou lucro líquido de R$ 1,42 bilhão no terceiro trimestre deste ano, forte alta de 37,2% em relação ao lucro registrado no mesmo período do ano passado (R$ 1,035 bilhão). O papel do grupo siderúrgico recuou 10,03%. E ontem à noite, a rede varejista Pão de Açúcar revelou um lucro líquido de R$ 82,5 milhões no terceiro trimestre de 2008, com alta recorde de 137% sobre o desempenho do mesmo período do ano passado. A ação retraiu 1,24%. "(Os resultados) foram tão bons quanto possível e nós esperamos que permaneçam positivos no curto prazo. A CBD continua a ser nossa "top pick´ (sugestão principal), sendo mais defensiva e com um fluxo de notícias mais positivo do que o restante das empresas do setor de consumo", avalia a analista Juliana Rozenbaum, da corretora Unibanco, em avaliação sobre os resultados da empresa. No front externo, o grupo ArcelorMittal, o maior produtor siderúrgico do mundo, informou um lucro líquido nos nove primeiros meses do ano de 7,906 bilhões de euros (cerca de US$ 10,12 bilhões), um aumento de 33,97% com relação ao ano anterior. Já o banco francês BNP Paribas admitiu uma queda de 55,6% no lucro do terceiro trimestre --para 901 milhões de euros (cerca de US$ 1,15 bilhão)-- na comparação com o resultado para o mesmo período no ano passado. Segundo a instituição, o recuo ocorreu devido a provisões maiores vinculadas à crise financeira. EUA. A consultoria Challenger, Gray & Christmas informou que o corte de vagas nas empresas dos Estados Unidos subiram 19% em outubro e alcançaram o maior nível desde janeiro de 2004. Já o índice ISM, relativo ao setor de serviços, apontou 44,4 pontos em outubro ante uma leitura 50,2 registrado em setembro. Economistas do mercado financeiro projetam uma leitura de 47,8 pontos.