Economia

Ricos terão primeira recessão desde 1945, diz FMI

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postado em 07/11/2008 09:31
O Fundo Monetário Internacional (FMI) previu nesta quinta-feira (6/11) que quase a totalidade das economias desenvolvidas entrará em uma recessão com duração mínima de um ano. Será a primeira vez que isso ocorrerá com o conjunto das economias avançadas desde o final da Segunda Guerra, em 1945. A recessão atingirá com mais força os Estados Unidos, o Reino Unido, a Alemanha e a Espanha. Mas todo o mundo sofrerá os seus efeitos, cortando o crescimento global do ano que vem para pouco mais de 2%. A última vez em que o mundo cresceu tão pouco foi em 2001, principalmente por causa do fraco desempenho, à época, dos países emergentes. Desta vez, será o contrário: os países menos desenvolvidos é que vão manter à tona o crescimento global, enquanto os desenvolvidos devem afundar. A única exceção entre os países avançados será o Canadá, cujo crescimento no ano que vem pode ficar levemente acima de zero, em 0,3%. Entre os demais desenvolvidos, a queda no Produto Interno Bruto (PIB) deve variar de 1,3% (Reino Unido) a 0,2% (Japão). No caso dos Estados Unidos, a maior economia do planeta, a previsão é de uma queda de 0,7% no ano que vem. O FMI divulgou ontem em caráter extraordinário um novo relatório "Panorama da Economia Mundial", em que traça essas previsões. De acordo com Olivier Blanchard, economista-chefe do Fundo, as projeções já levam em conta todas as medidas adotadas até aqui pelos Estados Unidos e por outros países para combater a atual crise. No relatório, o FMI informa um corte de 0,8 ponto percentual na previsão, feita há menos de um mês, para o crescimento global no ano que vem. Ela caiu de 3% para 2,2% agora. "Estamos vendo uma queda dramática nos índices de confiança de consumidores e empresas. Seus níveis de riqueza despencaram. Já os níveis de incerteza crescem a cada dia. Depois de terem se mantido firmes por um longo período, eles [consumidores e empresários] simplesmente ficaram com medo e agora decidiram gastar menos", afirmou Blanchard em entrevista coletiva. "Apesar das medidas recentes adotadas para mitigar os problemas, ainda não sabemos se existem outras "minas" enterradas e prontas para explodir. Uma piora no mercado financeiro certamente contrairá ainda mais a economia como um todo", acrescentou o economista-chefe do Fundo. A recessão que se avizinha, segundo o Fundo, será mais forte do que o desaquecimento registrado nos anos 1990, porém mais amena do que a vista nos ano 1980, mais precisamente em 1982. De acordo com Jörg Decressin, chefe da divisão de Estudos Econômicos Mundiais do FMI, a diferença agora em relação à parada dos anos 1980 é que, à época, os países desenvolvidos tinham um potencial de crescimento maior devido a uma taxa de aumento populacional mais elevada. "Hoje, por crescerem menos em termos demográficos, os países desenvolvidos têm um potencial de crescimento menor. Nos anos 1980, quando a população ainda aumentava com certo ritmo, eles ficaram muito abaixo do potencial", afirmou Decressin. Blanchard, por sua vez, afirmou que alguns dos países desenvolvidos ainda têm um certo fôlego para estimular suas economias com medidas de caráter fiscal, aumentando os gastos públicos. "Os estímulos monetários (redução de juros) estão chegando perto do limite, e algumas economias devem começar a pensar em outras ferramentas", disse. Entre os países que ainda teriam espaço para novos estímulos fiscais, ele citou os Estados Unidos e a Alemanha. Entre os emergentes, a China. Embora seja uma preocupação constante "no radar", os economistas do FMI afirmaram ser " ainda muito pequeno" o risco de o mundo sofrer um processo de deflação, quando os preços caem, desestimulando ainda mais os investimentos e o consumo. "O mundo deve se recuperar antes que isso aconteça", disse acreditar Blanchard.

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