Economia

Restrição ao crédito pode fazer a economia parar, afirma Mantega

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postado em 08/11/2008 09:00
São Paulo ; A restrição aos empréstimos continua sendo a principal preocupação da equipe econômica. ;O crédito está sendo restabelecido muito vagarosamente e nosso receio é que isso atinja a atividade econômica;, admitiu ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega. ;Temos de criar condições para restabelecer o crédito, que é o oxigênio da economia. Sem esse oxigênio, a economia pára;, destacou, lembrando que um aumento dos juros agora só vai dificultar a retomada dos financiamentos ao consumo e aos investimentos. Ele aproveitou para deixar claro sua contrariedade à postura conservadora do Banco Central. Afirmou que, em um momento de redução de juros para restaurar a liquidez e o crédito e evitar um tombo maior da atividade econômica mundial, não há espaço para políticas monetárias restritivas. Na véspera foi divulgada a ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) indicando a possibilidade de a taxa básica de juros (Selic) voltar a subir já em dezembro para combater o efeito da alta do dólar na inflação. Mantega, que está presidindo o G-20, o grupo dos 20 países mais ricos do mundo, reconheceu, porém, que a situação do Brasil, mesmo com a Selic a 13,75% ao ano, é bem melhor do que a das economias mais ricas, que então mergulhadas em um claro processo de recessão. Por isso, segundo ele, Estados Unidos, Europa e Japão estão cortando de forma acentuada os juros. ;Temos de lembrar que os países desenvolvidos, de onde se originou a crise financeira mundial, são os que mais estão sofrendo com a restrição de liquidez. Por isso, estão reduzindo os juros com maior velocidade.; Na avaliação do ministro, as políticas de controle da inflação variam de país para país e os resultados também. Nos países emergentes, onde as taxas de juros são maiores, as economias crescem mais. E são justamente os emergentes que vão garantir um saldo positivo para a economia global em 2009. O Brasil, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), deve crescer 3% no ano que vem. A China, 8,5% e a Rússia, 3,5%. O ministro da Fazenda não ratificou as estimativas do FMI. ;No caso do Brasil, apesar da crise, a economia está em alta velocidade. A produção industrial ainda está bem. Não descarto que haja uma desaceleração na demanda em 2009. E se houver um arrefecimento na expansão do PIB (Produto Interno Bruto), a política monetária, a seu tempo, será adaptada às condições e às necessidades que queremos;, afirmou Mantega, logo depois de comandar um encontro com ministros de Finanças do G-4, que engloba o Brasil, a China, a Índia e o México) e de participar de uma reunião dos BRICs (China, Índia, Rússia e Brasil). Os ministros avaliaram que as medidas tomadas pelos governos para combater os efeitos da crise mundial foram acertadas e já começam a surtir efeitos. Eles afirmaram, porém, que é preciso avançar. ;Por melhores que foram a medidas, elas ainda são insuficientes para solucionar todos os problemas;, afirmou Mantega. ;Nós consideramos a necessidade de os países avançados tomarem medidas adicionais para restabelecer o crédito e a confiança no mercado financeiro;, frisou. No caso do Brasil, poderão ser tomadas medidas adicionais, como a redução do superávit primário, a economia que o governo faz para pagar juros da dívida. ;Nosso objetivo é fazer superávit de 3,8% em 2009 e, se possível for, faremos 0,5 ponto percentual a mais para o fundo soberano;. A idéia é que essa economia adcionais seja usada para investimentos em infra-estrutura como forma de garantir que a expansão econômica não tenha uma queda abrupta.

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