Economia

Ordem do Hilton aos funcionários é 'não dar moleza' para Mantega

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postado em 08/11/2008 09:10
São Paulo ; Um forte clima de constrangimento tomou conta do Hotel Hilton, onde estão hospedadas todas as autoridades que participam do G-20, grupo que reúne as economias mais ricas do mundo. Por causa de uma dívida do Itamaraty, de cerca de R$ 60 mil, referente à visita do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, ao Brasil em março de 2007, a comitiva brasileira teve cortadas todas as suas regalias. A represália está valendo, inclusive, para o presidente do G-20, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que está ocupando a suíte presidencial do hotel. ;A ordem é não dar moleza aos brasileiros, pois o governo não tem sido um bom pagador;, disse ao Correio Braziliense um funcionário do Hilton. Esse é o primeiro encontro do G-20 no Brasil, desde a criação do grupo em 1999, e reúne ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais. Para se ter uma idéia da preocupação do hotel em não ampliar o calote, em vez de recomendar o melhor restaurante do local aos brasileiros, os funcionários estão indicando lugares onde a alimentação é mais barata. Foi reduzida, ainda, a quantidade de flores que, normalmente, enfeitam os quartos dos hóspedes mais ilustres. As bebidas estão supercontroladas, inclusive na suíte presidencial, na qual a oferta desses produtos costuma ser farta. Essa restrição, informou a assessoria de Mantega, foi um pedido do próprio ministro, que vem usando a suíte presidencial como escritório de trabalho. ;Nos preocupamos com a contenção desse tipo de despesa. Isso, inclusive, diminuiu o mal-estar;, disse um técnico da Fazenda. O Hilton está praticamente fechado para a comitiva do G-20. As reservas foram feitas há quase um ano, com cada país ficando responsável por arcar com os gastos de seus representantes. A segurança do hotel foi reforçada. Na quinta-feira à noite, véspera do início do encontro, houve uma varredura em todos os 28 andares do prédio situado à margem do Rio Pinheiros, na Zona Sul. Na noite desse mesmo dia, houve uma reunião com os funcionários para explicar como seria a segurança do evento. Para entrar no hotel, todos os empregados têm que apresentar documentos de identidade, checados pela Polícia Federal. Só há uma entrada liberada. Todo o quarteirão em torno do Hilton foi cercado, o que levou os comerciantes a reclamarem por causa da queda nas vendas. A segurança colocou ainda detectores de metais em todas as entradas dos restaurantes que funcionam no Hilton. Foi pedido aos funcionários que, até domingo, quando termina o G-20, só andem com bolsas pequenas, porque todas as grandes seriam revistadas. No caso da suíte presidencial, somente uma camareira pode fazer a limpeza. Mesmo assim, o trabalho é acompanhado por agentes da PF. Os policiais também estão plantados em cada um dos andares do hotel. A PF reforçou, inclusive, o contingente para este sábado, pois o presidente Lula fará uma participação no evento. Lula, no entanto, só terá uma sala de apoio no hotel. Caso se hospedasse, pela hierarquia, desalojaria seu ministro da Fazenda da suíte presidencial. Mantega iria para um quarto comum. Procurado pelo Correio, o Hilton não se manifestou sobre a dívida nem sobre o esquema de segurança. Já o Itamaraty confirmou que contratou uma empresa para organizar o evento com Bush no ano passado por meio de licitação, repassou o dinheiro necessário para cobrir as despesas na organização, mas a companhia não fez os pagamentos devidos ao Hilton porque faliu. Oficialmente, o Ministério das Relações Exteriores não confirmou o montante da dívida. O nome da empresa contratada também não foi informado. Movimentos sociais prometeram dar trabalho à segurança do G-20 neste sábado. Eles convocaram para esta manhã uma manifestação contra a crise econômica mundial. Confirmaram presença o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), vários sindicatos e partidos como o PSTU e o PSol. As lideranças do Conlutas ressaltaram que o protesto ;;marcado para o mesmo horário do discurso do presidente Lula, às 10 horas da manhã ; será ;bem humorado;. A idéia, segundo os organizadores, é dizer, por meio de faixas e cartazes, que os trabalhadores não vão pagar pela crise, que empurrou as maiores economias do mundo para a recessão.

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