Economia

Ceia de Natal pesará no bolso dos brasileiros

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postado em 09/11/2008 09:32
A inflação voltou a subir com mais fôlego em Brasília. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da capital da República fechou o mês de outubro em 0,50% depois de registrar deflação de 0,15% no mês anterior. No ano, o aumento de preços acumulado é de 5,07% e, em 12 meses, de 6,22%. No mês passado, mais uma vez, o vilão foi o grupo alimentação, que subiu 0,93%. A má notícia é que a tendência é de alta nos alimentos até dezembro. Assim como o arroz e o feijão, acelerados desde o começo do ano, os produtos voltados para as ceias de fim de ano devem chegar aos mercados mais caros, explica André Braz, coordenador do IPC na Fundação Getúlio Vargas (FGV). O bacalhau, tradicional nas festas de ano novo, subiu 3,08% só no mês passado. Com o aumento do dólar, o peixe importado deve subir ainda mais. O azeite também está mais caro, aumentou 1,64% no mês passado. Dados nada bons para quem pensava em ceias muito recheadas. ;Uma boa dica é substituir alguns produtos importados, que devem subir por causa do dólar, por mercadorias nacionais. A ceia vai continuar bonita, mas bem mais econômica;, ensina Braz. O vinho, no entanto, subiu menos. Em setembro disparou 3,63% e, em outubro, 1,21%. Presentes Os produtos mais comprados como presentes de Natal subiram, em média, 14,91% desde 2001. Nesse período, o IPC disparou 53,22%. Apenas os liqüidificadores e refrigeradores aumentaram acima desse patamar: 75,82% e 57,12%, respectivamente. As bicicletas, queridas por crianças e adultos, subiram 25,41%. Agradar os homens da família vai ficar mais pesado para o bolso. As roupas masculinas subiram 7,77% nos últimos 12 meses e 23,17% em sete anos. Os calçados tiveram alta mais modesta desde 2001: 8,30%. Os femininos adotaram velocidade maior e saltaram 25,25% no mesmo período. Desde novembro de 2007, somam 2,33% de elevação e as roupas femininas, 4,33%. Em sete anos, essas peças aumentaram 16,82%. Como foram diluídos em vários anos, os reajustes não devem inviabilizar as compras de Natal, mas muita gente vai ter de optar pela substituição dos presentes por outros mais em conta. Uma opção pode ser os celulares que, desde 2001, caíram 80,28%. Evandro Matheus/Esp. CB/D.A Press DICA A pesquisa de preços é fundamental para fazer o dinheiro render, ensina Maria Lúcia Fernandes de Barros, 54 anos. Ela trabalha como gerente da casa de apoio da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace) no Guará. Para garantir o sustento dos meninos e meninas assistidos na casa, Maria Lúcia precisa fazer mágica com o dinheiro. ;Vivemos de doações e temos muita responsabilidade ao gastar;, diz. Além de pesquisar os preços em mais de um mercado, ela aproveita as promoções específicas de cada dia da semana. As carnes são compradas no dia em que têm desconto. O mesmo vale para as verduras. ;Chegamos a economizar 30%;, revela. A ginástica de visitar vários estabelecimentos é fundamental. ;As coisas aumentam todo dia, mas o salário não;, lamenta Maria Lúcia. Segundo ela, é mais difícil achar preços em conta para alimentos especiais, necessários a alguns pacientes. Foi o caso de um iogurte que ela e sua colega de trabalho Maria Soares, 60, buscaram para um garoto que sofre de câncer. As duas conseguiram encontrar a guloseima mais barata. ;Fazemos de tudo para ver nosso paciente da melhor forma possível;, garante Lúcia, emocionada. Em conta Os xampus ficaram ainda mais baratos em outubro. Os itens, que caíram 2,41% em setembro, fecharam o mês passado com queda de 2,77%. O papel higiênico, depois de alta de 2,13%, sofreu reajuste negativo de 2,14%. Esses produtos favoreceram a desaceleração dos preços do grupo saúde e cuidados pessoais, que registrou recuo em sua taxa de variação, passando de 0,53% no mês anterior para 0,10% em outubro. Churrasco caro Após queda de 0,60% em setembro, as carnes bovinas ficaram mais caras no mês passado. O músculo subiu 8,28%. Carnes de primeira, como o filé mignon, também ficaram mais pesadas para o orçamento das famílias de Brasília. O corte nobre aumentou 5,13% depois de registrar taxa negativa no de 6,21% no mês anterior. Patinho e alcatra também ficaram mais caros e tiveram reajuste de 4,04% e de 3,41%, respectivamente. Pães salgados Gustavo Moreno/Esp. CB/D.A Press - 9/10/07 O pãozinho ficou mais caro em Brasília no mês de outubro. A alta de 6,12% foi a maior em comparação com as outras seis capitais pesquisadas pela FGV. Segundo André Braz, o reajuste foi bem superior ao experimentado pelos demais derivados do trigo, que subiram bem menos. Os biscoitos, por exemplo, aumentaram 0,30% e as massas prontas chegaram a cair 0,52%. Em alta Vilões Diarista: O valor pago às empregadas pelo dia de trabalho subiu 2,78% em outubro. O reajuste pode pesar para muitos brasilienses pois esse item corresponde a 2,48% do orçamento familiar. Aluguel residencial: O aluguel residencial teve mais uma alta em outubro. No mês anterior, o item ficou 0,58% mais caro e, em outubro, subiu 0,75%. Refeição em restaurante: Comer fora de casa vai continuar pesando no bolso. Os preços das refeições em restaurantes aumentaram 1,44% no mês passado. A gasolina subiu 1,19% no mês passado depois de queda de 4,45% do mês anterior. Segundo André Braz, os reajustes são conseqüência da mudança do preço do álcool. O combustível à base de cana aumentou 3,74%, após registrar variação negativa de 11,88% em setembro. O aumento sentido na bomba puxou a inflação no grupo de transportes, que fechou o mês passado em 0,77% contra -2,27% da apuração anterior. Em baixa -5,19% Mocinhos Cebola: Fundamental no tempero de boa parte das comidas brasileiras, a cebola ficou ainda mais em conta. Depois de uma queda de 23,32% em setembro, o item caiu 18,16% em outubro. Batata: A batata inglesa está mais em conta, teve variação de -19,86% em setembro e caiu 7,31% em outubro, a queda foi bem menor, mas ajudou a segurar a alta do IPC no mês passado. Muçarela: O queijo das pizzas está mais barato e teve nova queda em outubro. Depois de cair 5,72% no mês anterior, a muçarela teve redução de -2,67%. O molho da macarronada vai ficar mais leve. O tomate, que havia caído 12,33% em setembro teve deflação de 5,19%. A taxa negativa do fruto ajudou a segurar o grupo alimentação no IPC. As quedas são comuns para o fruto assim como as disparadas. O comportamento de sobe-e-desce é natural para os produtos in natura que, na maioria das vezes, apresentam taxa próxima de zero no acumulado de 12 meses, o que mostra que os altos e baixos são uma acomodação dos preços.

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