Economia

G-20 quer aumentar gastos públicos para conter crise

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postado em 10/11/2008 08:14
Diante das perspectivas cada vez mais sombrias para a economia mundial, a ponto de alguns países desenvolvidos correrem o risco de passarem da recessão para a depressão, ministros de Finanças e presidentes de bancos centrais do G-20, grupo que reúne as 20 nações mais ricas do mundo, fecharam questão sobre a necessidade de adoção de medidas emergenciais para enfrentar a atual crise financeira. Eles pregaram o aumento de gastos públicos e a redução das taxas de juros como formas de preservar a produção, os investimentos e o poder de consumo da população. ;O momento é de urgência;, disse o ministro das Finanças da África do Sul, Trevor Manuel. Na visão do G-20, em curto prazo, os países mais afetados pela crise terão de recorrer a políticas próprias. Essas ações devem levar até 90 dias para começar a sair do papel, pois dependem de aprovação dos presidentes e primeiros-ministros, que vão se reunir no próximo fim de semana, em Washington. Também não há como esperar o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, tomar posse em janeiro para só então agir. Apesar da concordância de que mais gastos fiscais e redução dos juros são vitais neste momento ; ajudariam a preservar e até a criar empregos ; , não será tarefa fácil, especialmente, para os países emergentes, lidar com este movimento expansionista. Até 10 anos atrás, muitas dessas nações estavam mergulhadas em um quadro de descontrole fiscal e inflação persistente. Qualquer erro na dose poderá resultar em novos desastres. Esse alerta foi feito por vários presidentes de bancos centrais do G-20, entre eles, o do BC brasileiro, Henrique Meirelles. E endossado pelo diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn. Para ele, a situação fiscal é diferente em cada país e nem todos estão sólidos o suficiente para elevar despesas do governo. ;A preocupação dos BCs é justificada, pois terão de evitar pressões inflacionárias que ainda estão presentes;, frisou. Segundo o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, houve o consenso entre os participantes do G-20 de que a hora é de focar em políticas anticíclicas, tanto do ponto de vista fiscal quanto do monetário. Mas ele reconheceu que nem todos poderão abrir os cofres. ;Os países que têm situação fiscal mais sólida poderão fazer mais ações. Os (outros) terão ações mais limitadas;, assinalou. Ele lembrou que a China saiu na frente e lançou um pacote de quase US$ 600 bilhões para estimular a economia doméstica, cortando impostos e estimulando os investimentos. ;Há países que têm déficit hoje e vão ampliá-los, e há aqueles que vão transformar superávits em déficit, como é o caso da China;, emendou. Sobre a capacidade do Brasil de ampliar gastos, Mantega disse que tal política não é necessária neste momento, pois não há uma queda mais acentuada do nível de atividade. ;O que estamos enfrentando é uma restrição de crédito e uma elevação do custo financeiro. Para reverter esse quadro, liberamos R$ 100 bilhões em depósitos compulsórios. Na área fiscal, já anunciamos a postergação do pagamento de alguns tributos por alguns dias, dando um alívio às empresas, que tiveram o capital de giro reforçado;, disse. ;Se for necessário, no futuro, poderemos ampliar os gastos para incrementar os investimentos públicos. Mas, por enquanto, as nossas metas fiscais para 2008 (4,3% do Produto Interno Bruto, PIB) e para 2009 (3,8%) estão mantidas;, assegurou. Tanto Mantega quanto o secretário de Finanças do Reino Unido, Stephen Timms, asseguram que, para os países emergentes, a redução das taxas de juros será um desafio, pois muitos estão enfrentando pressões inflacionárias em função da forte desvalorização de suas moedas frente ao dólar. Eles ressaltaram, porém, que as perspectivas para a inflação são ruins em curto prazo, mas tendem a melhorar em 2009, quando há risco de forte queda nos preços (deflação), por causa da combinação de crescimento menor da economia e redução das cotações das commodities. ;Então, cabe a cada país regular sua política de juros para enfrentar esse novo cenário;, afirmou Mantega, lembrando que esse recado vale para o BC brasileiro, que, meses atrás, alertava sobre o risco de um excesso de consumo no país, exigindo uma elevação de juros para equilibrar demanda e oferta. Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense

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