postado em 10/11/2008 16:06
As bolsas americanas perderam força e passaram a operar em queda nesta segunda-feira (10/11), depois de registrarem altas de 1,5% a 2% pela manhã. O otimismo dos investidores quanto ao plano de quase US$ 600 bilhões do governo chinês para combater a crise não resistiu ao temor quanto ao futuro da americana General Motors. Outros dados negativos divulgados hoje também pressionaram os índicadores.
Às 15h37 (em Brasília), a Bolsa de Valores de Nova York (Nyse, na sigla em inglês) estava em baixa de 0,73% no índice Dow Jones Industrial Average, que ia para 8.878,74 pontos, enquanto o S 500 caía 1,31%, indo para 918,79 pontos. A Bolsa Nasdaq operava em queda de 1,55%, indo para 1.621,87 pontos.
As ações da fabricante americana de veículos chegaram a cair quase 26%, depois que o Deutsche Bank rebaixou os papéis da empresa para "venda" e reduziu a mate de preços para as ações da GM. Na semana passada, a GM anunciou um prejuízo de US$ 4,2 bilhões de julho a setembro, além de ter gasto US$ 6,9 bilhões do seu caixa no trimestre pela "desaceleração da demanda por veículos combinada com a crise de crédito, especialmente na América do Norte e na Europa".
O presidente da GM, Rick Wagoner, anunciou que a empresa tomará novas medidas para "melhorar a liquidez e reduzir os custos estruturais, em resposta à piora das condições econômicas mundiais". A empresa informou que novas medidas melhorarão o caixa em US$ 5 bilhões. Na América do Norte, a GM teve perda de US$ 2,3 bilhões no período em seu faturamento ajustado antes de impostos. Já na Europa, a empresa perdeu US$ 974 milhões em sua receita ajustada antes de impostos, após suas vendas terem caído 15%.
Também pesam sobre a confiança dos investidores os dados negativos anunciados hoje: a seguradora AIG teve um prejuízo de US$ 24,5 bilhões no trimestre passado; a gigante hipotecária dos EUA Fannie Mae reportou um prejuízo de US$ 29 bilhões no mesmo período; a Circuit City - segunda maior cadeia americana de lojas de produtos eletrônicos - pediu hoje proteção sob o chamado "Capítulo 11" da lei de falências dos Estados Unidos; e a alemã Deutsche Post anunciou nesta segunda-feira que eliminará 9.500 postos de trabalho ao encerrar as atividades de correio privado expresso (DHL) nos Estados Unidos.
O anúncio do governo chinês, no final de semana, de um programa de estímulo à economia de US$ 586 bilhões, para ser aplicado até 2010, não conseguiu manter o bom humor dos investidores.
Os investimentos, segundo o governo da China, devem ser concentrados em bem-estar social e infra-estrutura. Economistas de bancos e corretoras vêem chances de que o dinheiro chinês, somado às iniciativas governamentais já anunciadas, tragam perspectivas um pouco mais favoráveis para uma economia global à beira de uma recessão.
A AIG, no entanto, se beneficiou com uma reestruturação da ajuda que o governo havia anunciado antes. De US$ 85 bilhões do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) anunciados em setembro, a empresa agora deverá receber do Fed e do Departamento do Tesouro US$ 150 bilhões, em condições facilitadas. As razões para preocupação sobre a economia dos EUA permanecem. O dado negativo mais recente foi o de sexta-feira (7): foram fechados 240 mil postos de trabalho no país em outubro. O desemprego, por sua vez, chegou a 6,5%, contra 6,1% em setembro. Trata-se da pior taxa desde fevereiro de 1994, quando ficou em 6,6%. A economia americana teve uma contração de 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas de um país) no terceiro trimestre, sinalizando uma recessão (definida como dois trimestres consecutivos de índice negativo do PIB).