postado em 13/11/2008 15:54
Na contramão de um cenário de crise de crédito e favorecido por medidas do governo diante à restrição de dinheiro no mercado, o Banco do Brasil projeta crescimento da carteira de crédito de 30% a 35%, ante estimativa anterior de 25% e 30%. Para 2009, Adézio Lima, vice-presidente do BB, projeta crescimento de 20% a 25%.
A expansão neste ano deverá ser liderada pelo crédito a pessoas físicas (entre 40% e 45%, ante estimativa anterior de 35% a 40%). O crédito a pessoas jurídicas deverá crescer entre 35% e 40% e o agronegócio, 20%.
Segundo informou o presidente do banco, Lima Neto, nesta quinta-feira (13/11) durante divulgação dos resultados do terceiro trimestre, o Banco do Brasil já comprou até este mês R$ 8,2 bilhões em carteira de crédito, considerando os recursos próprios e aqueles liberados do depósito compulsório.
Desde outubro, R$ 17,1 bilhões foram analisados, dos quais R$ 5,9 bilhões foram adquiridos por intermédio da liberação do depósito compulsório. Deste montante, 44% é de consignado, 29% de veículos e 27% comercial.
Lima Neto disse que a instituição está empenhada em manter e preservar sua carteira de crédito. Ele disse que o banco não só está comprando carteiras de instituições menores, como incentivando a circulação do crédito, a exemplo do que fez com a liberação de R$ 4 bilhões para as financeiras e bancos ligados às montadoras de veículos.
"Na carteira de veículos, conseguimos uma posição consolidada da concessionária para dentro. Na ponta do consumo, é uma carteira de R$ 6 bilhões e temos a intensão de olhar nessa direção, disse Neto.
Veículos
Segundo Neto, entre os nichos de crescimento do BB, está a ampliação dos negócios em São Paulo e o desenvolvimento da carteira de crédito de veículos, na ponta.
O financiamento de veículos atingiu R$ 5,6 bilhões no terceiro trimestre deste ano, em expansão de R$ 151,7 bilhões em relação ao mesmo período no ano passado.O crédito para pessoa física (financiamento ao consumo) subiu 45,4%, para R$ 42,9 bilhões no terceiro trimestre deste ano ante o mesmo em 2007. A carteira de crédito total encerrou o último trimestre com saldo de R$ 202,2 bilhões (alta de 34,6% em 12 meses e 37,5% em relação ao trimestre de 2007). Com esse resultado, a participação do BB no mercado atingiu 16,5%.
Diminuição do risco
"Dado o contexto de incerteza em relação às perspectivas econômicas e qual a intensidade da crise de crédito, desmontar uma carteira de crédito de R$ 202 bilhões tem um custo muito grande. Daí porque o Banco Brasil conseguir manter essa carteira e não parar o crédito para a economia e reduzir o risco sistêmico", disse Neto.
Entre as medidas adotadas ante a redução do dinheiro disponível no país, Neto citou a liberação de 15% mais recursos do crédito rural para a atual safra em relação ao mesmo período de 2007. "Temos R$ 30 bilhões para a safra 2008/2009 e pode até crescer. No estágio atual da safra, desembolsamos 15% mais, de maneira a preservar a saúde do crédito rural", disse.
Comércio externo
Também citou o esforço em fomentar o comércio externo brasileiro, segmento em que o BB tradicionalmente tem um terço das negociações e manter a liderança em capital de giro para empresas.
"Os leilões do BC estão sendo excelentes aos exportadores para ACC (Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio) com prazo de 180 dias. Para 360 dias está mais escasso. Tenho a impressão que a autoridade monetária já percebeu isso e vai alongar o prazo dos leilões", disse Lima Neto.