postado em 14/11/2008 18:34
Os membros do G20, que reúne os países mais ricos e os principais emergentes, preparam uma cúpula de chefes de Estado que será realizada no final de fevereiro ou em março no Reino Unido, anunciou nesta sexta-feira o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
"Seria natural" que fosse no Reino Unido, porque será o próximo país que presidirá o G20 --atualmente liderado pelo Brasil--, disse o chanceler em Washington, onde amanhã serão realizadas as reuniões de trabalho dos chefes de Estado do grupo sobre a crise financeira internacional.
O ministro disse que na reunião na capital americana deverão ser criados grupos de trabalho para preparar as propostas detalhadas para redesenhar o sistema financeiro.
"Todos os países admitem a necessidade da regulação do sistema financeiro para devolver a confiança, que existam regras claras, transparência. Poderá haver divergência sobre o tipo de regulação", acrescentou o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ele pediu mais gastos públicos em nível mundial para evitar a possibilidade de uma recessão global.
Ao mesmo tempo, enfatizou que "a política monetária e fiscal deve ser harmonizada" entre as nações, para evitar que alguns injetem liquidez e outros se beneficiem dessas medidas, mas não façam contribuições próprias à solução do problema.
Os ministros falaram à imprensa após as reuniões que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve com os primeiros-ministros do Reino Unido, Gordon Brown, e da Austrália, Kevin Rudd, com os quais houve "muita sintonia", segundo declararam. Hoje, os líderes se reunirão em um jantar oferecido pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, na Casa Branca.
A grande ausência da reunião será o presidente eleito dos EUA, Barack Obama, mas a delegação brasileira disse esperar que apoiará ainda com mais energia que Bush a necessidade de que o governo afrouxe o bolso para revitalizar a economia. "O que se espera de Obama é que ele vá mais fundo" que a Administração atual, apontou Mantega.
Na cúpula, o Brasil pressionará para que no comunicado final seja mencionado o fim do ano como a meta para alcançar um acordo nos assuntos mais polêmicos das negociações da Rodada de Desenvolvimento de Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio).
Essa foi também a posição do secretário-geral dessa entidade, o francês Pascal Lamy, que disse que é possível um pacto sobre a redução dos obstáculos ao comércio em agricultura e bens industriais para essa data. "O comércio é como uma bicicleta, ou você anda para a frente o você cai", Amorim.