postado em 16/11/2008 08:23
Com os custos da construção em alta, as empresas do setor se adaptam para ganhar poder de negociação. No Distrito Federal, a saÃda encontrada foi a criação da Cooperativa da Construção Civil (Coopercon-DF). Já na primeira aquisição do grupo foram gastos R$ 12,5 milhões na compra de 111 elevadores, o segundo maior negócio do paÃs por cooperativas desse tipo no ano, conforme informa a Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra). O maior grupo do tipo, sediado no Ceará, vai movimentar em 2008 R$ 1 bilhão em compras.
A preocupação do setor vem desde 2007, quando começaram as negociações para formar a cooperativa. No fim do primeiro semestre deste ano 24 empresas entraram em acordo e deram inÃcio à s rodadas de negócio para adquirir os elevadores. Cinco empresas participaram da disputa, mas no fim, somente duas ficaram com a venda. ;Foi dividido entre a Otis e a espanhola Orona, empresa que já estava no mercado brasileiro, mas em uma operação conseguiu vender o equivalente a tudo que tinha comercializado no paÃs até hoje;, afirma o presidente da Coopercon, Dionyzio Klavdianos.
Com a chegada da crise internacional, a partir de setembro, a cooperativa ganhou ainda mais importância. ;A associação nasceu antes do boom da crise e acho até que, em um momento de tensão, vai funcionar melhor ainda. Para os fornecedores não é tão interessante perder uma conta volumosa;, diz Klavdianos.
Para Eduardo Aroeira, diretor de obras da Apex Engenharia, empresa integrante da Coopercon-DF, a união foi uma forma de as construtoras manterem as margens de lucro frente à inflação. ;Com a dificuldade dos preços das commodities, ficou cada vez mais difÃcil ajustar preços. A criação das cooperativas veio com o intuito de justamente melhorar isso;, afirma o diretor. ;A gente entende que a união entre as construtoras vai garantir, por meio de um maior volume de compras, poder de negociação para conseguir descontos;, ressalta Klavdianos.
Em cinco meses a cooperativa deve fazer nova compra de elevadores. Mas outras aquisições ; de portas, fios elétricos e aço ; também estão nos planos. Só de portas devem ser milhares.
Sem repasse ao consumidor
Este ano, até outubro, ficou 10,15% mais caro para construir que em 2007. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica (IBGE) e foram divulgados no mês passado no Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Ãndices da Construção Civil. Com a criação de uma cooperativa no DF foi possÃvel conseguir desconto superior à inflação do setor ; na compra dos 111 elevadores as empresas tiveram abatimento médio de 15%.
Apesar da possibilidade de absorver os aumentos com essa forma de negociar, por tratarem apenas de itens únicos de toda a obra, a redução ainda não se reflete no bolso do cliente final. ;É uma coisa pontual, não impacta direto para o consumidor porque a planilha de preços já esta pronta quando se lança o empreendimento. Depois que o projeto é vendido é que se compra o material;, afirma o presidente da Coopercon. ;Pode ser que no futuro, sabendo que vai haver uma economia de tal ordem, seja possÃvel passar isso para quem está comprando;, emenda.
As compras da cooperativa são similares às realizadas pelas empresas, só que concentradas nos produtos de maior peso no orçamento da construção. Os interessados em adquirir determinado produto informam à Coopercon, que se encarrega de negociar. ;Uma estrutura consolidada no longo prazo consegue reverter para a sociedade;, conclui Dionyzio Klavdianos.
Ouça entrevista com Dionyzio Klavdianos, presidente Coopercon-DF: