postado em 16/11/2008 09:49
Dirigentes africanos reunidos na França fizeram um apelo neste sábado (15/11) aos líderes do G20, que realizaram sua primeira cúpula em Washington para debater uma reforma do sistema financeiro, que não se esqueçam de seu continente, igualmente afetado pela crise.
"A África e as outras regiões em desenvolvimento do mundo deveriam estar envolvidas mais diretamente nas negociações em curso sobre a reforma da arquitetura financeira internacional", reclamou o presidente de Burkina Faso, Blaise Compaoré, na abertura das Jornadas Européias de Desenvolvimento, realizadas em Estrasburgo (nordeste da França).
"Se o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial devem ter um papel mais importante na governabilidade financeira internacional, é justo que os países em desenvolvimento estejam mais envolvidos na aplicação das reformas que se anunciam", acrescentou Compaoré, que preside a Comunidade Econômica dos Estados do Oeste da África.
O presidente de Mali, Amadou Tounami Touré, disse por sua vez que "a crise mundial confirma a necessidade de se construir uma nova arquitetura financeira, envolvendo não apenas os países emergentes, mas também a África".
Como presidente da UE, a França fez "todo o possível", para que a representação africana no G20 não recaísse apenas sobre a África do Sul, alegou o ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner.
Alguns presidentes africanos também expressaram seus temores de que a crise financeira leve a comunidade internacional a se esquecer de outros problemas, como a crise dos alimentos, que já provocou conflitos em alguns países, ou que diminuam as ajudas destinadas pelos países ricos aos mais pobres.
Já o presidente de Madagascar, Marc Ravalomanana, relativizou a ausência da África no G20 e advertiu que, para serem "acreditados" e tratados como "aliados responsáveis", os países africanos "devem tomar o próprio futuro nas mãos" e "mostrar ao mundo que nós, os líderes africanos, somos sérios, comprometidos e determinados", melhorando a governabilidade dos países do continente.