postado em 17/11/2008 18:06
As dúvidas sobre o financiamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) seguem vigentes, apesar da importante contribuição do Japão, em um momento que se multiplicam os pedidos de ajuda no mundo, disse nesta segunda-feira (17/11) o número dois da instituição, John Lipsky.
"Ainda que o Fundo possa captar recursos adicionais com os empréstimos contraídos com os [países] membros, a pergunta importante sobre a arrecadação dos recursos necessários para responder às necessidades (...) segue em vigência, à medida que a crise se estende", disse Lipsky, em discurso em Washington.
O FMI dispõe de US$ 200 bilhões para emprestar aos estados-membro em dificuldade. O Japão anunciou na última sexta-feira que poderia aplicar US$ 100 bilhões suplementares. Para Lipsky, "um enfoque mais sistemático do aporte de liquidez" pela comunidade internacional "é de alta prioridade, mediante o co-financiamento dos programas que apóia o FMI ou do aumento de recursos que o fundo pode dispor".
Mais US$ 100 milhões
Em entrevista à BBC Brasil, o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, disse hoje que a instituição precisará de pelo menos mais US$ 100 bilhões para aumentar sua participação na ajuda os países afetados pela crise financeira internacional. Segundo ele, o fundo tem liquidez suficiente para o futuro imediato, mas precisará de mais recursos ao longo dos próximos seis meses. Em seu discurso em Washington, Lipsky reconheceu a seriedade das ameaças à economia global, com a aproximação - ou o ingresso já - de alguns países desenvolvidos em recessão. Ele lamentou não haver nenhum sinal de reversão na sistemática do mercado financeiro, recentemente. Segundo ele, pelo contrário, a combinação entre o estresse do mercado financeiro e a retração das economias está impactando as economias emergentes, com um potencial efeito negativo.
O diretor do FMI destacou os esforços da reunião do G20 (grupo que reúne os países mais ricos e os principais emergentes), no último sábado em Washington, que reforçou a necessidade de reverter o impacto da crise financeira internacional no curto prazo, através da cooperação internacional, em um "âmbito mais abrangente que no passado".
"Não há necessidade de fazer reivindicações exageradas sobre a necessidade de um novo sistema. Já há um consenso sobre as reformas exigidas para corrigir as falhas do sistema existente e são substanciais", disse. "Políticas macroeconômicas , em especial a fiscal, está se tornando cada vez mais relevante e necessária para alguns países. As reformas do setor financeiro igualmente devem continuar. E, coletivamente, nós devemos trabalhar juntos para reforçar a arquitetura financeira global, de maneira que reduza os riscos futuros", concluiu.
Apesar das dúvidas expressadas quanto à disponibilidade de financiamento do FMI, Lipsky reiterou, no entanto, que o Fundo está à disposição para ajudar as metas estabelecidas pelo G20.
"O FMI está pronto para usar seus recursos financeiros e experiência para ajudar a pavimentar a economia global após a crise", disse.