Economia

Brasil quer reunião de Doha o quanto antes

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postado em 18/11/2008 08:43
O Brasil quer uma reunião de ministros o quanto antes para tentar fechar um acordo na Rodada Doha ainda neste ano. O recado foi dado pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy. O chanceler sugeriu a Lamy que a reunião seja marcada para o início de dezembro, a fim de evitar que a proximidade do recesso de fim de ano pressione os negociadores. No último encontro ministerial, em julho, as tentativas de fechar um acordo global de comércio fracassaram depois de nove dias de conversas em Genebra. Lamy telefonou para Amorim esta semana para consultá-lo sobre a possibilidade de uma nova reunião em dezembro. Segundo o diretor-geral da OMC, das duas condições para que o processo pudesse ser retomado, uma delas, o impulso político, foi cumprida na reunião do G20, em Washington. A outra era aparar as arestas técnicas das negociações, o que Lamy espera ocorrer nas próximas duas semanas. Para isso, convocou ontem embaixadores para um encontro e marcou um segundo para domingo. Mas alguns vêem riscos no empurrão político dado em Washington a Doha. Um novo fracasso seria um mau prenúncio sobre o pacote de resgate do sistema financeiro anunciado no sábado (15/11) pelo G20 e poderia deixar sua credibilidade abalada. O alerta foi feito nesta segunda-feira (17/11) por um dos principais mediadores da OMC, diante da inflexibilidade demonstrada pelos países membros da entidade. Dois dias depois da reunião de Washington, uma intensa movimentação diplomática teve início em Genebra para avaliar a possibilidade de um acordo ainda neste ano sobre os dois principais temas da rodada: agricultura e indústria. Foi essa a instrução dada pelos líderes do G20, mas na OMC o ceticismo parecia ser maior que o senso de urgência. "Ninguém falou uma palavra sobre flexibilidades", lamentou o mediador das negociações agrícolas, Crawford Falconer, depois de reunir os representantes dos países. O embaixador neozelandês advertiu que a credibilidade dos líderes ficará comprometida se houver um novo fracasso. A sensação na OMC é a de que a pressão política criada pelo G20 por um desfecho de Doha tornou quase inevitável que haja uma nova reunião de ministros. Por outro lado, a falta de progressos nas negociações em relação ao colapso de julho mantém muitos negociadores céticos. Foi um tema agrícola, o mecanismo de restrição a importações dos emergentes, o principal motivo que levou ao colapso da última reunião ministerial da OMC, realizada em julho. A Índia, apoiada pela China, entrou em confronto com os EUA ao rejeitar a abertura de seus mercados por temer danos a seus pequenos agricultores. Desde então, foram feitas várias tentativas de destravar as negociações, sem sucesso. "Houve pouco progresso", admitiu ontem o embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo. Hoje Brasil, Índia e os demais grupos do G20 agrícola farão uma reunião para tentar sincronizar suas prioridades. Em julho, isso foi impossível.

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